"Esta Conferência sobre a armazenagem de ajuda alimentar em África Ocidental representa para a CEDEAO um desafio de primeira importância na procura de mecanismos e soluções para uma melhor gestão das crises alimentares e nutricionais na nossa região." As palavras são de Sékou Sangaré, o Comissário responsável pela Agricultura na CEDEAO, que deu início à conferência internacional sobre a armazenagem de ajuda alimentar no passado dia 28 de abril. Iniciada pela Comissão de Organização Regional, estas reuniões virtuais decorrerem até dia 10 de maio de 2021 e pode ser assistidas na página de Facebook da Agência Regional para Agricultura e Alimentação da CEDEAO.
A ajuda alimentar em África não depende apenas da produção agrícola. Se é essencial garantir rendimentos suficientes para alimentar as populações na região, criar uma reserva alimentar é uma das principais respostas às crises alimentares. E na África Ocidental a situação permanece frágil. O aquecimento global torna os processos de produção agrícola cada vez mais complexos, e os riscos de situações de escassez alimentar em algumas regiões nos próximos anos permanecem importantes. “Apesar de uma produção agrícola crescente no espaço da CEDEAO, ultimamente estimada em mais de 74 milhões de toneladas de cereais e 194 milhões de toneladas de tubérculos, a situação alimentar e nutricional em África Ocidental permanece estruturalmente perigosa ”, lembra Sékou Sangaré.
Uma estratégia regional para limitar os riscos
Para enfrentar os desafios do armazenamento de ajuda alimentar, a CEDEAO organizou esta conferência que visa partilhar as boas práticas e experiências da organização regional e que se inscreve no quadro da capitalização do projeto de apoio a armazenagem de ajuda alimentar em África Ocidental, financiado pela União Europeia. Este projeto, lançado em 2015, permitiu o início da operacionalização efetiva desta estratégia.
"Desde a sua criação, a Reserva Regional fez nove intervenções no contexto das crises alimentares no Níger, Burkina Faso, Nigéria e Mali para um volume global de mais de 25.000 toneladas", conta Sékou Sangaré. A Reserva Regional destina-se a apoiar operações de emergência no caso de uma crise conjuntural e funciona como terceira linha de defesa da estratégia regional de segurança alimentar na África Ocidental, tendo como objetivo apoiar os esforços dos Estados-Membros para prestar ajuda alimentar nutricional rápida e diversificada às suas populações.
“A visão da região é atingir o objetivo do capital da Reserva Regional de Segurança Alimentar (RRSA), fixada em 410.000 toneladas até 2025, incluindo cerca de 140.000 toneladas de stocks físicos e 270.000 toneladas de reserva financeira totalmente operacional”, detalha o Comissário responsável pela Agricultura na CEDEAO.
A CEDEAO opera a vários níveis, nomeadamente através da gestão das reservas de proximidade criadas e administradas pelas organizações locais ou as comunidades descentralizadas, das reservas nacionais de segurança administradas pelos Estados ou co-geridas pelos Estados e seus parceiros financeiros, da reserva regional de ajuda alimentar criada e administrada pela Comissão da CEDEAO, ou, em último caso, recorrendo a ajuda internacional.
Ao longo dos 10 dias da conferência serão debatidos temas como a vulnerabilidade da África Ocidental e do Sahel à insegurança alimentar e nutricional, o papel das reservas alimentares na promoção de sistemas alimentares sustentáveis e a criação do mercado regional de produtos alimentares ou as parcerias e mecanismos de financiamento inovadores para o reforço da resiliência do sistema regional de armazenagem de ajuda alimentar, entre outros.
Tudo com um objetivo comum: responder ao segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável definido pela ONU, nomeadamente a da erradicação da fome no mundo até 2030.
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