“O que esperamos desta COP [conferência da ONU para o clima] é de facto o reforço dos objetivos (do acordo) de Paris e de forma muito pragmática e concretizável”, disse hoje à agência Lusa João Matos Fernandes.
O ministro falava a propósito da 23.ª Conferência da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP23), que começa na segunda-feira em Bona, Alemanha, e se prolonga por cerca de duas semanas, reunindo representantes de mais de 100 países, incluindo governantes, para debater as metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa (GEE).
O Acordo de Paris, que está em vigor há um ano, pretende juntar compromissos de diminuição de emissões de todos os países para tentar travar a subida da temperatura do planeta, que resulta na maior frequência de fenómenos extremos, de calor ou de chuva, por exemplo.
João Matos Fernandes recordou que a meta inicial estipulava que, “em 2018 [o conjunto de] regras comuns estivesse estabelecido”. Por isso, “há muito para discutir e queremos acreditar que vamos obter progressos claros neste domínio”, defendeu.
Do somatório dos contributos que até agora resultaram do Acordo de Paris “não resulta aquilo que queremos, isto é, não resulta a garantia de que chegaremos ao final deste século com a temperatura apenas 1,5ºC [graus Celsius]- nunca mais do que 2ºC – acima daquilo que era a temperatura do planeta aquando da Revolução Industrial”, explicou.
Por isso, salientou a necessidade de todos os países serem mais ambiciosos, e “a cada cinco anos, os compromissos que os países apresentaram têm de ser reforçados”.
Para cumprir esta tarefa conta a “vontade política e, aquilo que sentimos é que há cada vez mais convergência entre a vontade de quem governa e de quem é governado”, mas também a evolução da tecnologia, acrescentou o ministro que vai estar em Bona a participar na COP23.
“Infelizmente aquilo que já temos hoje em termos de alterações climáticas e suas consequências deixam-nos a todos preocupados e com vontade de contribuir e isso é sem dúvida muito importante”, afirmou.
João Matos Fernandes apontou que terão de ser introduzidas no âmbito dos esforços de redução de emissões as inovações e as melhorias da técnica e da ciência no sentido de ajudar à transição para uma economia de baixo carbono.
“É fundamental que nos preparemos para integrar essas novas tecnologias ponderando sempre as suas consequências no mercado de trabalho na economia de cada país com a certeza de que o saldo será positivo”, disse.
Para o ministro do Ambiente importa manter “um rumo que é multilateral, que pretende albergar e dar espaço ao maior número de compromissos, mas num contexto de maior exigência”.
“Isso certamente vai resultar da próxima COP onde vários países vão apresentar as suas melhores experiências e Portugal lá estará também a fazê-lo”, avançou.
Portugal estará representado na COP23 por várias entidades, por técnicos, pelo ministro do Ambiente e pelo secretário de Estado adjunto do Ambiente, José Mendes.
Entre os eventos programados por Portugal, está prevista a apresentação do Roteiro de Neutralidade Carbónica que “tem suscitado curiosidade” da parte dos outros países, segundo Matos Fernandes.
O Governo fixou o objetivo de o país ser neutro em carbono em 2050, ou seja, nesta altura deverá ter reduzido as emissões de gases com efeito de estufa, principalmente dióxido de carbono, resultado da atividade no setor da energia, de algumas indústrias e dos transportes.
As emissões que restarem deverão ser captadas da atmosfera através de sumidouros de carbono, como as florestas.
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