"Quem não acredita no Partido Socialista, quem não se revê nas esquerdas encostadas, tem uma escolha clara, uma escolha segura, uma escolha inequívoca. E essa é só uma: nós, o CDS", defendeu Assunção Cristas no discurso de encerramento do Congresso do partido, em Lamego (Viseu).
Apesar de deixar "uma palavra especial" ao presidente do PSD, Rui Rio, que encabeçou a delegação social-democrata ao Congresso e subiu ao palco para cumprimentar a líder centrista, Assunção Cristas reiterou a convicção de que “é possível” transformar o CDS-PP na grande alternativa à esquerda.
"Acreditem porque é possível", insistiu, alegando que "o CDS é o partido mais apto a governar o nosso Portugal".
Palavras que o presidente social-democrata encarou com naturalidade, argumentando que Assunção Cristas “fez o seu papel” ao apresentar o CDS-PP como primeira alternativa ao PS.
Assunção Cristas aproveitou também o discurso de encerramento em Lamego para eleger a demografia, o território e a inovação como áreas prioritárias de intervenção do partido, assumindo também a defesa da paridade na política e nas empresas.
Para as eleições europeias do próximo ano, a presidente dos democratas-cristãos fixou o objetivo de "dobrar o resultado" alcançado em 2014, depois de anunciar que a lista encabeçada por Nuno Melo incluirá o ex-ministro Luís Pedro Mota Soares, Raquel Vaz Pinto e Vasco Weinberg.
A lista para a comissão política de Assunção Cristas foi eleita com 89,2% dos votos, menos do que no congresso de há dois anos (95,59%). No Conselho Nacional, a líder do CDS-PP perdeu três lugares.
Sem adversários na corrida à liderança, Assunção Cristas marcou o primeiro dia de trabalhos, que se prolongou por 17 horas ininterruptas, com o anúncio de uma série de nomes para várias estruturas de coordenação do CDS-PP, desde logo daquele que será o seu núcleo duro - a Comissão Executiva -, e que será composto por um terço de mulheres e integrará figuras como a médica Isabel Galriça Neto, Graça Canto Moniz, doutoranda na área da proteção de dados, e a professora universitária Raquel Vaz Pinto.
Em foco esteve também a estratégia da presidente dos democratas-cristãos, incluída na moção de estratégia global, intitulada "Um passo à frente" e que foi aprovada já na madrugada de domingo, e que passa por transformar o CDS-PP na “grande alternativa às esquerdas unidas” na ‘geringonça’.
Outro dos anúncios da reunião magna foi a designação do dirigente e deputado João Rebelo como coordenador autárquico e a inclusão de dois independentes na equipa que vai elaborar o Programa Eleitoral do CDS-PP e que será coordenada por Adolfo Mesquita Nunes: o poeta e comentador Pedro Mexia e Nádia Piazza, que lidera a Associação de Apoio às Vítimas dos Incêndios de Pedrógão Grande.
No congresso, o deputado do CDS-PP Filipe Lobo D'Ávila anunciou que vai deixar brevemente o parlamento, mas garantiu que entre os centristas "não há cisões", "dissidências" ou "birras" e "ninguém atira a toalha ao chão".
O 27.º Congresso do CDS-PP começou no sábado com uma homenagem ao antigo presidente do partido Adriano Moreira, que elogiou Assunção Cristas por ter recuperado os valores da democracia-cristã.
A homenagem a Adriano Moreira, que levantou o Congresso em prolongado aplauso, foi enquadrada pela apresentação do Senado, o órgão consultivo do partido que foi reativada nesta reunião, e onde têm, por inerência, assento todos os ex-presidentes filiados. Adriano Moreira foi o único ex-presidente presente. Paulo Portas, o antecessor de Cristas, só apareceu nos ecrãs para elogiar Adriano Moreira.
"A força que representa este congresso dá-me a convicção de que o legado já foi assumido, a ideia da recuperação dos valores foi assumida, e a liderança já está entregue à geração que recebe, sem benefício de inventário, a defesa dos interesses de Portugal, da humanidade, dos valores da democracia cristã", defendeu Adriano Moreira.
Pouco depois, na primeira intervenção no congresso, Cristas confirmou ter "a democracia-cristã como eixo da roda", embora conciliada com uma postura pragmática para "chegar a todos" com propostas, porque "a doutrina não se proclama", "põe-se em ação".
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