O chavismo também convocou uma manifestação paralela de apoio a Maduro, que a 10 de janeiro assumirá o controverso terceiro mandato consecutivo de seis anos, durante a uma nova onda de prisões de opositores e líderes da sociedade civil.
Machado acusa Maduro de "roubar" as eleições de 28 de julho e reivindica a vitória de Edmundo González Urrutia, que chega à República Dominicana para a última escala de uma viagem com destino incerto: quer voar para o seu país para assumir o poder, mas o plano parece improvável.
"Não posso garantir o dia nem a hora, pode ser antes, durante ou depois de 10 de janeiro, mas vai acontecer", disse Machado numa conferência de imprensa na terça-feira. "Essa tirania vai acabar e a Venezuela será livre."
Os protestos da oposição desafiam o medo que se instalou em julho após uma repressão brutal às manifestações que eclodiram após o anúncio da posse do líder esquerdista, deixando 28 mortos, quase 200 feridos e mais de 2.400 presos.
Há quatro pontos de encontro na capital e o chavismo já instalou palanques em pelo menos duas delas para a sua manifestação.
Por questões de segurança, Machado não revelou de qual delas sairá. "Eu não ia perder esse dia histórico por nada no mundo", disse Machado em entrevista à AFP na segunda-feira.
Funcionário do FBI preso
Maduro, no poder desde 2013, anunciou um "plano de defesa" com o envio maciço de forças militares e policias. O centro de Caracas, onde estão localizados o palácio presidencial e a maioria das sedes do poder público, está ocupado desde a semana passada por centenas de agentes de segurança fortemente armados.
O governo, que frequentemente denuncia os planos dos Estados Unidos e da Colômbia de deitar abaixo Maduro, anunciou a prisão de sete "mercenários", incluindo dois americanos: "um alto funcionário do FBI" e "uma autoridade militar".
"Vieram para realizar ações terroristas contra a paz", disse o presidente em ato oficial.
Uma onda de relatos de prisões foi registada desde terça-feira à noite, com pelo menos dez prisões.
Entre os presos estão Carlos Correa, conhecido ativista dedicado à defesa da liberdade de expressão, e Enrique Márquez, candidato da oposição minoritária nas eleições presidenciais que contestou sem sucesso perante o tribunal superior a certificação da reeleição de Maduro.
Antes, foi o genro de González Urrutia, Rafael Tudares, que estava com os filhos quando foi preso por policiais encapuzados.
O ministro do Interior, Diosdado Cabello, vinculou Márquez e Tudares ao suposto agente do FBI e a um plano de golpe de Estado.
"Rafael não está direta ou indiretamente vinculado a atos políticos", disse a sua mulher, Mariana González, filha de González Urrutia, num comunicado nesta quinta-feira.
"É uma medida de retaliação política contra o meu pai".
O papa Francisco mencionou a "grave crise política" na Venezuela e pediu "negociações de boa fé".
"Bandeira tricolor"
A cerimónia de posse presidencial está marcada para sexta-feira, 10 de janeiro, ao meio-dia, no Parlamento, controlado pelo chavismo.
González Urrutia, que pediu asilo em Espanha a 8 de setembro após uma ordem de prisão, disse que quer regressar à Venezuela para assumir o poder.
Está numa viagem que o levou à Argentina, Uruguai e Estados Unidos, onde se encontrou com o presidente Joe Biden e representantes do seu futuro sucessor, Donald Trump. Depois, foi ao Panamá, onde entregou à polícia as atas emitidas pelas urnas para comprovar a vitória da oposição, que o chavismo considera falsas.
"Essas atas são a minha verdadeira bandeira tricolor presidencial", disse o candidato da oposição na Cidade do Panamá.
A última paragem é a República Dominicana, onde planeia encontrar-se com o presidente Luis Abinader, antes de avaliar a possibilidade de um voo de uma hora para Caracas. Segundo Cabello, Márquez propôs empossá-lo numa embaixada venezuelana no exterior.
De qualquer forma, as autoridades venezuelanas — que oferecem 100 mil dólares (613 mil reais) pela sua prisão — já alertaram que, se chegar ao país, "será preso imediatamente" e os seus companheiros internacionais serão tratados como "invasores".
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