“Por isso, estamos a aumentar o ritmo de vacinação, comprometendo de alguma forma alguma qualidade no processo, porque é uma corrida contra o tempo. Por um lado, a vacinação por outro lado, os contágios que se estão a espalhar”, afirmou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, numa entrevista hoje ao Primeiro Jornal da SIC.
O coordenador da ‘task force” do plano de vacinação contra a covid-19 adiantou que Portugal irá atingir “os 85% das primeiras inoculações na segunda ou terceira semana de setembro”, altura em que será também atingido os 70% da população com o esquema vacinal completo,
“Penso que aí estaremos fortemente protegidos contra esta nova variante Delta”, sublinhou, salientado que “a vacinação tem efeito sobre os contágios” e como tal é preciso acelerar.
Em causa, está a batalha contra a variante Delta, que é prevalente em Portugal, sendo nesta altura o desafio vacinar 100 a 120 mil pessoas por dia.
Sobre os riscos acarreta este ritmo de vacinação, disse que “o primeiro risco é que os sistemas de agendamento, seja o agendamento online centralizado seja o agendamento local e a ‘casa aberta’, vão ser postos ao rubro”.
As consequências serão mais filas, mas Gouveia e Melo espera que não ultrapassem uma hora e que não seja generalizado
Nesta fase, “é trocar um bocado” a qualidade do processo pelo aumento do ritmo de vacinação: “O que é mais importante é atingir o máximo do ritmo de vacinação a ver se ganhámos esta batalha e estas duas semanas são mesmo decisivas”.
Lamentou ainda que as vacinas não cheguem ao ritmo que desejavam, elucidando que no primeiro trimestre estavam previstas 4 milhões e chegaram 2 milhões e no segundo dos 11 milhões previstos, chegaram 7,2 milhões.
Agora, assegurou, “todas as vacinas que chegam devem ser administradas e rapidamente” para antecipar a vacinação.
“Reforçámos os agendamentos ao máximo e estamos simultaneamente a reforçar as nossas capacidades para vacinar, e os horários também estão a ser alargado ao máximo”, disse, sublinhando que esta semana vacinaram diariamente mais de 100 mil pessoas.
Houve dias acima das 120 mil inoculações, mas é diferente fazer isso um ou dois dias do que durante todos os dias. Por isso, vincou, “vai ser um esforço muito grande para todos, incluindo, para a população, que, eventualmente, terá um processo com menos qualidade, mas o ritmo e a pandemia assim o exigem”.
A partir de hoje, está aberta a vacinação a partir dos 18 aos 29. Sobre se os jovens são uma grande preocupação, Gouveia e Meio afirmou que são em “termos de contágios”, porque quem está a ser internado são as faixas entre os 30 aos 50 anos e, como tal, têm que se combater nestas duas frentes.
Comentando um estudo que dá conta que 14 a 15% dos jovens ainda não decidiu se vai vacinar-se, o coordenador admitiu que possa haver “alguma resistência” e apelou “à racionalidade”.
“Numa pandemia todos seremos vacinados, seja pelo método natural, o contágio, uma vacina não controlada”, que pode ter graves consequências se acontecerem “inflamações para além do que é normal, ou uma vacina, que é segura e eficaz”.
Portanto, rematou, “eu julgo que entre os dois processos uma pessoa racional decide pelo processo controlado” e não pelo “descontrolado”.
Sobre o processo de vacinação, reconheceu que “todos os dias há pedras na engrenagem”: “As coisas não são perfeitas, quem pensa que um processo com esta complexidade que é massivo e urgente, é um processo perfeito, isento de problemas, desengane-se”.
Segundo o último relatório da vacinação da DGS, 5.335.683 pessoas já receberam pelo menos uma dose e 3.295.132 têm a vacinação completa (32% da população).
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