No comunicado hoje divulgado, o secretariado nacional da corrente socialista da CGTP disse que a resolução final do Conselho Nacional (de 16 de maio) foi aprovada sem qualquer proposta sua pois as várias propostas apresentadas “foram recusadas pelos sindicalistas da Corrente Sindical do PCP”.
Em resultado, disseram, os sindicalistas da corrente socialista não votaram favoravelmente a resolução.
O comunicado elenca as propostas apresentadas e recusadas, entre elas que “esta política de direita e extrema-direita apoiada pelo patronato pode ser contrariada, combatida e impedida somente com a união, organização e luta dos trabalhadores nos locais de trabalho, ao nível nacional, com a criação de fatores que promovam ações comuns entre os sindicatos nos setores e entre as confederações sindicais, a nível nacional, e com a convergência entre todas as forças políticas de esquerda” e que a “atual situação política coloca à CGTP-IN a necessidade de valorização e reforço da unidade na diversidade, o aprofundamento da democracia interna”.
Outra das propostas recusadas de integrar a Resolução do Conselho Nacional falava sobre o ataque da Rússia à Ucrânia. Segundo a corrente socialista, a resolução denunciava e condenava o genocídio do povo palestiniano e defendia o Estado da Palestina, mas não tinha nada sobre a situação da Ucrânia.
A corrente socialista disse que, após a sua proposta, a resolução passou a integrar uma referência à Ucrânia, mas “no meio de tantos outros conflitos mundiais perdendo a situação ucraniana a importância que possui”.
Acrescentou ainda que foi recusada uma proposta a apelar ao voto nas eleições europeias de 09 de junho.
No comunicado, a corrente socialista questiona o que “leva a maioria dos sindicalistas da corrente sindical do PCP na CGTP-IN a recusar propostas sobre convergências sindicais que beneficiem os trabalhadores, a solidariedade com os trabalhadores e o povo da Ucrânia, o combate à extrema-direita, o reforço da unidade e as eleições europeias” e defende “a autonomia sindical da confederação face aos partidos políticos” e a recusa da “colagem das mensagens da CGTP-IN às do PCP” pois “só uma confederação plural e representativa serve os interesses da classe trabalhadora”.
No início de maio, os sindicalistas socialistas da CGTP-IN não participaram na reunião da Comissão Permanente de Concertação Social, o que aconteceu pela primeira vez desde 1987, por considerarem que a Comissão Executiva da intersindical não representa amplamente o mundo do trabalho.
Os sindicalistas socialistas defenderam que a organização “não reflete o pensamento de todas as suas componentes político-ideológicas que existem e interagem” e “deixa de fora o pensamento dos trabalhadores socialistas, independentes e de outras correntes de opinião político-ideológicas”, uma vez que a Comissão Executiva eleita no XV Congresso, em 23 e 24 de fevereiro, está “amputada de uma ampla representação do mundo do trabalho”.
Os sindicalistas socialistas apontam que a Comissão Executiva não inclui na sua composição sindicalistas de todas as correntes de opinião político-ideológicas “das esquerdas que existem, coexistem e intervêm nos locais de trabalho, em particular, os sindicalistas socialistas”, que participavam ativamente na Comissão Executiva da CGTP desde o Congresso de Todos os Sindicatos, realizado em janeiro de 1977.
No congresso da intersindical realizado em 23 e 24 de fevereiro, no Seixal, foi eleito o novo Conselho Nacional da CGTP (com 147 elementos) que elegeu, por sua vez, o novo secretário-geral, Tiago Oliveira, e também a Comissão Executiva, composta por 29 elementos, mas os cinco sindicalistas socialistas recusaram integrar este órgão cuja corrente maioritária é a do PCP, deixando os lugares vagos.
Comentários