Em causa estão atos de corrupção alegadamente praticados por dois ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis e Pinto Moreira, num processo que tem mais seis arguidos singulares e cinco empresas, relacionado com projetos imobiliários e licenciamentos urbanístico.
Segundo a investigação, a Operação Vórtex centra-se em “projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos”.
Em julho de 2023, o Ministério Público (MP) deduziu acusação contra os oito arguidos e as cinco empresas, tendo quatro dos arguidos requerido a abertura de instrução, mas o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto decidiu levar todos a julgamento, praticamente nos exatos termos da acusação, diminuindo apenas o número de crimes quanto a uma das empresas.
O antigo autarca Miguel Reis está acusado de quatro crimes de corrupção passiva e de cinco de prevaricação, enquanto Pinto Moreira responde por dois crimes de corrupção passiva, um de tráfico de influência e outro de violação das regras urbanísticas.
O empresário Francisco Pessegueiro está acusado de oito crimes de corrupção ativa, um de tráfico de influência, cinco de prevaricação e de dois crimes de violação das regras urbanísticas.
Na sua contestação, a que a agência Lusa teve acesso, este arguido manifesta a intenção de prestar declarações em julgamento, para assumir a sua responsabilidade criminal, explicar as suas razões e colaborar com a justiça.
Francisco Pessegueiro confessa que os ex-presidentes da Câmara de Espinho e arguidos neste processo lhe pediam contrapartidas financeiras para agilizar e facilitar processos urbanísticos.
O arguido conta que os então autarcas prometiam celeridade, fazendo-se pagar de uma “taxa de urgência”, acrescentando que não foi cometida nenhuma ilegalidade nos projetos urbanísticos e que não beneficiou de nenhum tratamento preferencial, alegando que alguns dos projetos não chegaram a avançar.
Os empresários João Rodrigues e Paulo Malafaia vão responder por oito crimes de corrupção ativa, um de tráfico de influência, cinco de prevaricação e dois de violação das regras urbanísticas.
Estão acusados mais três arguidos, que à época desempenhavam funções de chefe de divisão na autarquia de Espinho, e cinco empresas, de diversos crimes económico-financeiros.
Miguel Reis e o empresário Francisco Pessegueiro chegaram a estar ambos em prisão preventiva. Atualmente, o primeiro encontra-se em prisão domiciliária e o segundo está sujeito a apresentações periódicas.
Os restantes arguidos encontram-se em liberdade com a proibição de contactar entre si e com testemunhas do processo.
O MP requereu ainda a aplicação de penas acessórias de proibição do exercício de funções aos arguidos funcionários e de interdição de exercício de atividades quanto a um dos arguidos representante de sociedade.
Foi ainda requerido o arresto preventivo do património dos arguidos, para garantia dos valores obtidos com a atividade criminosa.
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