“Não é segredo para ninguém que o Rui Rocha era a minha escolha enquanto candidato e portanto acho que [o partido] fica excelentemente entregue. Digo mais, sem falsas modéstias, acho que lhe fica mais bem entregue do que ficaria nas minhas mãos”, afirmou João Cotrim Figueiredo em declarações aos jornalistas após o discurso de vitória de Rui Rocha.
O agora ex-líder da Iniciativa Liberal disse acreditar que, com Rui Rocha na liderança, o partido poderá “crescer mais” do que no período em que ele próprio foi presidente.
Questionado se teme que Rui Rocha possa vir a ter dificuldades a afirmar-se junto do eleitorado, numa altura em que uma sondagem indica que João Cotrim Figueiredo é o líder mais popular junto dos portugueses, o ex-líder respondeu: “Tenho o convencimento grande que, daqui por seis meses, esse lugar mais popular pertencerá a Rui Rocha”.
Nestas declarações aos jornalistas, Cotrim Figueiredo disse não achar que, após estas eleições, possam surgir divisões internas na IL, afirmando que as pessoas que com ele têm trabalhado têm todas demonstrado que “são democratas”.
“Portanto, perante uma eleição democrática legítima, há uma aceitação dos resultados e isso eu acho que até facilita porque clarifica a posição de cada um”, vincou.
O ex-líder sublinhou que, dentro do Grupo Parlamentar da IL - a que pertencem tanto Rui Rocha, como a candidata derrotada Carla Castro -, têm havido ocasiões em que os diferentes deputados tiveram “divergências sobre o que fazer e não fazer” e resolveram-nas “sempre”.
“Resolvemo-lo sempre democraticamente, e tenho a certeza que vai continuar assim, e até melhorar”, indicou.
Interrogado se considera que o seu apoio à candidatura de Rui Rocha foi decisivo, Cotrim Figueiredo sublinhou que a sua postura é “nunca esconder as opiniões” que tem, referindo que, “ninguém entenderia” se, caso tivesse uma “opinião forte” sobre a disputa interna, a andasse a defender “privadamente” e não em público.
“Acho que devia essa abertura, essa frontalidade, e acho que isso é o correto para fazer. Se foi decisivo ou não, isso depende apenas da credibilidade e da confiança que os membros da IL foram tendo nas escolhas que esta comissão executiva e eu próprio fui fazendo”, referiu.
Sobre o seu futuro, o ex-líder da IL garantiu, “com toda a franqueza”, que ainda não tem uma “perspetiva muito clara” sobre o que vai fazer, sobretudo a nível político, mas assegurou que continuará a exercer o seu mandato de deputado.
“Estarei na Assembleia da República, terei mais trabalho em comissões agora que já não tenho as responsabilidades da presidência do partido. Entrei na comissão de revisão constitucional e, portanto, isso será certamente suficiente para ter um contributo positivo para a atividade política do partido. O resto, francamente não consegui pensar nisso até agora”, disse.
Cotrim Figueiredo quis ainda deixar “um abraço solidário e de enorme apreço” ao líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, defendendo que o deputado tem sido “extraordinário” e saudando a postura “equidistante” que manteve durante as eleições na IL.
“Tem sido um líder parlamentar extraordinário, foi fundador do partido e o que o partido é hoje a ele muito se deve. (…) Ele próprio já disse que vai colocar [o lugar] à disposição - porque faz parte das regras deste jogo -, mas estou convencido que ele está disponível para continuar e eu espero bem que assim seja, porque ele tem sido um excelente líder parlamentar”, vincou.
O deputado Rui Rocha foi hoje eleito o novo presidente da IL, tendo a moção apresentada pela sua lista à comissão executiva alcançado 51,7% dos votos.
À sucessão de João Cotrim Figueiredo apresentaram-se, pela primeira vez na história do partido, mais do que uma lista e disputaram a liderança os deputados e dirigentes Rui Rocha e Carla Castro e o conselheiro nacional José Cardoso na VII Convenção Nacional da IL, que termina hoje em Lisboa.
De acordo com o regimento à convenção, “é aprovada como Moção de Estratégia Global pela Convenção Nacional, a Moção que obtiver a maioria simples dos votos” e “a lista proponente da Moção de Estratégia Global mais votada é eleita como Comissão Executiva”.
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