No centro da capital de Itália, os manifestantes contestaram a obrigação de apresentar, a partir de 15 de outubro, o passe sanitário, que inclui um certificado de vacinação, prova de recuperação após contrair covid-19 ou um teste negativo, em todos os locais de trabalho, isto depois de ter começado a ser exigido em agosto para museus, eventos desportivos e refeições em restaurantes.
Há mais de três semanas, o chefe do Governo de Itália, Mario Draghi, anunciou a extensão da obrigação do passe sanitário a todos os locais de trabalho, passível de suspensão de salário para funcionários que se recusem a cumprir. A medida já era obrigatória para todo o pessoal médico e docente.
"Fomos ambos suspensos há dois meses", disseram à agência France-Presse (AFP) Cosimo e Morena, enfermeiros na casa dos 40 anos, que contaram que têm problemas imunológicos e alérgicos e foram dispensados da vacinação pelo médico de família, mas continuaram suspensos do trabalho, sem remuneração.
"Contratámos um advogado, porque temos filhos gémeos de 20 anos em casa que ainda estão sob a nossa responsabilidade", acrescentou Cosimo.
A manifestação no centro de Roma, na qual também participaram membros de grupos de extrema-direita, foi pontuada por alguns confrontos com a polícia.
A participar no protesto, Maria Ballarin, que está aposentada, denunciou "uma chantagem criminosa e covarde" da parte do Estado que não quer "assumir as suas responsabilidades e tornar obrigatória a vacinação", mas "obriga, indiretamente, as pessoas a se vacinarem para poderem ir trabalhar".
“Não é um instrumento para combater a pandemia [...] é um instrumento de controlo da população”, apontou o marido de Maria Ballarin, Marco Salvatori, que era funcionário num banco e que diz ter acelerado a sua saída para a reforma para evitar fazer um teste todos os dias: “O meu último dia de trabalho é dia 15 e nesse dia estarei a trabalhar a partir de casa, porque a partir desse dia sou obrigado a apresentar este passe fascista”.
Segundo dados do Ministério da Saúde de Itália, quase 80% da população italiana com mais de 12 anos está totalmente vacinada e, desde o início da pandemia até ao momento, contabilizam-se mais de 130.000 mortes associadas à covid-19.
Na cidade de Genebra, na Suíça, os vários milhares de pessoas protestaram hoje contra as restrições implementadas devido à pandemia, denunciando uma "ditadura da saúde", constatou um jornalista da AFP no local.
Erguendo cartazes nos quais se podia ler "falsa pandemia, verdadeira ditadura", "liberdade sim", ou mesmo "não ao passe, não à chantagem, sim ao bom senso", os manifestantes gritaram, em inúmeras ocasiões, "liberdade" ou "Berset demissão", referindo-se ao conselheiro federal (ministro) da Saúde da Suíça, Alain Berset.
“Há muitas pessoas, mas já esperávamos, porque há muitas pessoas que estão a começar a achar todas essas medidas bizarras, que são totalmente desajustadas com a realidade”, afirmou à AFP Chloé Frammery, que é professora em Genebra e representa o movimento antivacinas covid-19 na Suíça que mencionou a presença de "5.000 pessoas" na manifestação.
“A liberdade de escolha é importante especialmente num país que se diz democrático como a Suíça, então vamos deixar a liberdade de escolha para as pessoas que querem ser vacinadas ou não”, disse Chloé Frammery, acrescentando que, da sua parte, não quer “servir como cobaia".
De acordo com dados oficias das autoridades de saúde da Suíça, apenas 59,8% da população elegível está totalmente vacinada, número bastante inferior em relação a outros países europeus. Com cerca de 8,6 milhões de habitantes, a Suíça regista cerca de 10.700 mortes associadas à covid-19 desde o início da pandemia.
A covid-19 provocou pelo menos 4.830.270 mortes em todo o mundo, entre mais de 236,66 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse, divulgado na sexta-feira.
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