De acordo com o gabinete de comunicação da CP, até cerca das 16:30, foram hoje “suprimidos na Linha de Sintra 13 comboios, devido ao excesso de imobilizações de material circulante”.
Estas supressões juntam-se às 57 registadas na segunda e terça-feira, confirmadas à Lusa por uma fonte oficial da empresa, afetando as ligações entre Lisboa Rossio-Meleças, Sintra-Alverca e Sintra-Oriente.
Os cortes na circulação ocorreram “com mais incidência nas horas de ponta da manhã e da tarde, dado que são os períodos do dia em que existem mais comboios a circular, logo as necessidades de material circulante são superiores”, explicou a transportadora, que não avançou qual a previsão de supressões para o final da tarde de hoje.
Na segunda-feira não se realizaram 20 comboios, na hora de ponta da tarde, por motivo de “reparação ou para manutenção”, enquanto as restantes cerca de três dezenas e meia de supressões de terça-feira ocorreram maioritariamente na ligação entre o Rossio (Lisboa) e Meleças (Sintra).
“É uma situação que vai acontecendo, não é só desta semana e da semana passada. Às vezes são situações pontuais”, contou à Lusa uma utente, Marta Costa, 40 anos, residente em Sintra.
A professora desloca-se com frequência a Lisboa e notou que, quando ocorre uma supressão, no comboio seguinte, “como há muita gente, até podem ter ar condicionado, mas não consegue refrescar” a composição.
“Ajusto as idas a Lisboa consoante os horários e, havendo uma supressão, chego atrasada porque o tempo que contabilizei para aquele que seria o meio de transporte ideal para ir para o trabalho, acaba por não ser suficiente”, lamentou Marta Costa.
A utente considerou o comboio “um meio de transporte espetacular para evitar o trânsito” rodoviário, mas defendeu que a CP devia olhar com mais atenção para o serviço que presta e para uma grande quantidade de passageiros sem bilhete.
“O que está a acontecer em Sintra em matéria de transporte ferroviário é intolerável. Já falei com o senhor ministro Pedro Nuno Santos e estou inteiramente solidário com ele, porque é o primeiro a reconhecer que esta situação é intolerável”, afirmou hoje à Lusa o presidente da câmara, Basílio Horta.
O autarca eleito pelo PS, em declarações à Lusa após ter falado com o ministro das Infraestruturas e da Habitação, reagia à supressão de mais de duas dezenas de comboios por dia, desde segunda-feira, levando os utentes “a uma situação de justa indignação”.
“Não é viável, não é possível, o senhor ministro tem a nossa inteira solidariedade para recrutar o pessoal necessário para a EMEF [Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário], para que o material circulante possa ser reparado, para obviar a esta situação absolutamente impossível de manter”, frisou.
Para Basílio Horta, não é possível “manter os serviços públicos” nesta situação, quando se lançou o passe único de transporte metropolitano, registando-se um aumento da procura, “e as pessoas ficam aos montes nas estações, sem poderem entrar nos comboios”.
O autarca concorda com a necessidade de controlar o défice, mas “não assim”, advogando “uma reflexão muito séria sobre a política orçamental” do país, perante um eventual ‘superavit’ no Orçamento do Estado, quando “as pessoas se amontoam nas carruagens como gado” e se “suprimem comboios”.
“A CP e a EMEF continuam a trabalhar para que, no mais breve espaço de tempo possível, sejam repostos os níveis de disponibilidade do material circulante, o que deverá ocorrer nos próximos dias”, afirmou a empresa responsável pela principal linha suburbana de Lisboa.
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