A OM desafia ainda o Ministério da Saúde a divulgar a estratégia ou o “plano de ação” para as listas de espera que tem anunciado, “mas que nunca precisou como tenciona executar”.
Num comunicado hoje divulgado, a Ordem comentou os dados da Entidade Reguladora da Saúde publicados na terça-feira e que mostram que as cirurgias que ultrapassaram o tempo de espera clinicamente aceitável duplicaram nos primeiros cinco meses de 2018, quando comparadas com o final de 2017, por exemplo.
“Estes resultados são desastrosos e devem envergonhar-nos enquanto país que ficou conhecido por ter um dos melhores serviços de saúde do mundo. Podíamos dizer que o SNS responde nos casos mais urgentes, como sugeriu a ministra da Saúde. Mas infelizmente já nem isso é totalmente verdade”, escreve o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, na nota.
A OM refere-se nomeadamente a áreas “mais sensíveis, como a oncologia”, em que considera que “os números são desoladoras”, já que quase 20% das cirurgias a doentes com cancro foram feitas além dos tempos de resposta clinicamente aceitáveis, sendo que é nas cirurgias oncológicas “muito prioritárias” que a percentagem de incumprimento dos tempos de resposta é maior.
“Não é mais possível continuarmos a compactuar com uma política de saúde que todos os dias contribui para enfraquecer o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e para colocar doentes e profissionais de saúde em situações de verdadeiro desespero”.
Numa reação aos dados da Entidade Reguladora da Saúde, o Ministério da Saúde garantiu na terça-feira que está em curso um “plano de ação” para melhorar o acesso a cirurgias e consultas nos hospitais, sobretudo para as especialidades com mais doentes à espera e com tempos de espera superiores.
Em resposta à agência Lusa, o Ministério indicou que o plano de ação “pretende que os hospitais tomem medidas concretas que permitam resolver todas as situações em que o tempo médio de espera seja superior a um ano até ao final de 2019”.
“As medidas vão incidir sobre as sete especialidades que, no final de 2018, tinham o maior volume de utentes à espera, os maiores tempos de espera e as maiores percentagens de resposta para além dos tempos máximos de resposta garantidos”, referiu o gabinete da ministra da Saúde numa resposta escrita enviada à Lusa.
O Ministério salientou ainda que os dados de monitorização divulgados pela Entidade Reguladora da Saúde são “parcelares” e que compreendem o período entre janeiro e maio de 2018.
Segundo esses dados, os tempos de espera por cirurgias duplicaram nos primeiros meses do ano passado em comparação com dados de agosto a outubro de 2017. Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde apresentaram taxas de incumprimento dos tempos de espera clinicamente aceitáveis de 18,5% nas cirurgias programadas e de 39% nas primeiras consultas de especialidade nos hospitais.
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