Um desabamento levou à interrupção da circulação na Linha Azul do sistema metropolitano. O incidente provocou ferimentos ligeiros em quatro pessoas e, segundo o município, foi motivado por “um erro” nas obras que decorrem na Praça de Espanha.

O "abatimento de um teto" entre a estação de São Sebastião e a Praça de Espanha condicionou a circulação.

Na linha Azul já se circula desde a estação da Reboleira até às Laranjeiras, e do Marquês de Pombal até Santa Apolónia, explicou ao SAPO24 o Metro de Lisboa. Apenas o troço Laranjeiras-Marquês de Pombal não tem circulação, o que afeta as estações Jardim Zoológico, Praça de Espanha, São Sebastião e Parque.

Não há estimativa de quanto tempo a circulação vai estar parcialmente interrompida, mas o Metro de Lisboa disse ao SAPO24 que ainda está a avaliar a situação e que a linha Azul estará em total funcionamento quando estiveram reunidas todas as condições de segurança. À Lusa, o presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa, Vitor Domingues dos Santos, disse que a Carris fica a assegurar o transporte alternativo na zona afetada.

Duas carreiras vão ser reforçadas: a carreira 746, que faz o percurso Marquês do Pombal - Sete Rios e o reforço inclui o prolongamento do serviço noturno até à 01:00; e a carreira 726, que faz o percurso Arco do Cego - Sete Rios - Pontinha.

Na nota a Carris recomenda aos passageiros que consultem o ‘site’ www.carris.pt para “outras soluções de carreira, que possam ser uma alternativa à utilização do metro”.

Um "erro" na obra leva ao desabamento 

No local, o vereador com o pelouro da Proteção Civil, Carlos Castro, indicou aos jornalistas que se tratou de “um incidente decorrente da obra” que está em curso na Praça de Espanha e que foi determinada a abertura de um inquérito, assumindo-se já que ocorreu “um erro do ponto de vista de intervenção na obra”.

Na altura do acidente, referiu, estavam cerca de 300 pessoas na composição que passava no local quando ocorreu o desabamento.

O vereador referiu que, das 300 pessoas que se encontravam nas carruagens, só há a registar quatro feridos ligeiros, “três por ansiedade e um, o segurança do metropolitano, que ao abrir o vidro rasgou um pouco do braço”.

De acordo com Carlos Castro, verificou-se “a queda de parte da laje do túnel do metropolitano, o que decorre, provavelmente de um erro de obra”, servindo o inquérito para apurar a responsabilidade do que aconteceu.

“Tudo aponta que houve um erro do ponto de vista de intervenção na obra”, admitiu Carlos Castro, avançando já ter sido convocado o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) para análise do acidente, além das equipas de engenharia do próprio Metropolitano de Lisboa e da empresa responsável pela obra, que foi adjudicada pelo município de Lisboa.

Fonte do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) disse à Lusa que dois feridos foram transportados ao Hospital de Santa Maria.

De acordo com a mesma fonte, o INEM recebeu o alerta para uma ocorrência na Avenida Bordallo Pinheiro, onde prestou assistência no local a duas mulheres de 25 e 26 anos.

Apesar de todos terem sofrido “ferimentos ligeiros, duas vítimas foram transportadas ao hospital, um homem de 27 anos e uma mulher com 54”.

Segundo Carlos Castro “não estão reunidas as condições para reabertura do túnel” do metro no local, prevendo-se que assim se mantenha por “um a dois dias de interrupção”. Os passageiros serão transportados numa articulação entre o metro e a rodoviária Carris.

Presente no local esteve igualmente o presidente do Conselho de Administração do Metropolitano de Lisboa, Vitor Domingues dos Santos, que adiantou que no decorrer das obras da Praça de Espanha, “ao demolirem parte da estrutura de betão armado, furaram a galeria, que já é muito antiga, danificando o comboio que estava no momento a passar”.

“Não sabemos quanto tempo irá demorar. Agora o comboio vai ser retirado, será reforçada a galeria numa extensão de segurança para depois limpar a linha de detritos e pedras”, explicou Vitor Domingues Santos.

O responsável frisou que a “abóbada do metro terá de ser reforçada” e explicou que a estrutura “é uma mistura de pedra e betão, uma mistura frágil, com cerca de 50 anos”.

Vitor Domingues Santos salientou que o LNEC foi chamado ao local e “só depois de todas as conclusões” se saberá o que aconteceu - até lá, “é especulação, há que esperar”.

“Foi um acidente que aconteceu, não houve vítimas mortais. Agora é aguardar pela peritagem para tirar conclusões”, frisou.

Inicialmente, fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP dava nota de que o desabamento teria ocorrido em obras do Metro de Lisboa, na estação da Praça de Espanha.

A mesma fonte adiantou à Lusa que o alerta para o incidente foi dado cerca das 14:30.

Obras na Praça de Espanha

As obras do novo Parque Urbano da Praça de Espanha começaram em 13 de janeiro e deverão estar concluídas este ano.

Na altura do lançamento da empreitada, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, disse que a intervenção inclui "um número muito significativo de árvores", zonas de "clareiras de fruição", parques infantis, esplanadas e quiosques, retomando a água como "elemento central" do espaço.

Medina considerou que o parque vai "permitir uma melhor vivência" a todas as pessoas que vão poder atravessar a pé a Praça de Espanha, utilizando uma ponte pedonal que a ligará à Gulbenkian.

A empreitada, lançada com um preço base superior a seis milhões de euros, inclui também uma transformação da rede viária atual em dois grandes cruzamentos.

Atualizada às 19:32