“Estamos em choque neste momento. A administração da NYU chamou a polícia contra os seus próprios alunos na semana passada e, desde então, a Universidade está numa constante revolta com essa posição. Hoje, a polícia voltou ao nosso ‘campus’, desmantelando um acampamento pacífico, num ataque chocante aos alicerces do que significa ser uma universidade”, disse à Lusa Jacob Remes, um professor da NYU.
Na manhã de hoje, dezenas de alunos da NYU que acampavam junto ao departamento académico John A. Paulson Center, em Manhattan, foram apanhados desprevenidos por agentes da Polícia de Nova Iorque, que rapidamente desmantelaram o acampamento a pedido da direção da universidade, que considerou o movimento estudantil “ilegal”.
Contudo, os professores rejeitam qualquer ilegalidade neste protesto pró-Palestina, que exige que as universidades cortem investimentos em empresas ligadas à ocupação israelita de Gaza.
Como professor, e como judeu, Jacob Remes não escondeu a emoção quando questionado pela Lusa sobre as alegações feitas por vários políticos, de que estes protestos são antissemitas.
“Estive no acampamento todos os dias desta semana e tem sido um espaço de comunidade, de conversação. Tem sido o espaço intelectual mais caloroso que vi num ‘campus’. A ideia de que seja de alguma forma antissemita opôr-se a um genocídio é uma das coisas mais insultuosas que algumas vez me disseram”, lamentou.
“Estou a esforçar-me realmente para não chorar, porque a minha religião diz-me que devo levantar-me pela justiça, pela decência e contra o genocídio. Se o que aqui estou a fazer é perigoso, a nível de eventuais retaliações profissionais, nada se compara com o sofrimento que os cidadãos de Gaza passam diariamente. Não se compara aos perigos que os meus alunos estão a enfrentar, com detenções consecutivas”, advogou.
Após ver o acampamento desmantelado, o ‘staff’ universitário admite que está agora num período de reflexão, de forma a decidir os próximos passos a adotar.
Enquanto isso, os protestos continuam, com o corpo docente a exigir aministia para todos os alunos, professores e trabalhadores envolvidos no acampamento e para todos aqueles anteriormente demitidos ou disciplinados pelos seus discursos e ação política.
Exige também que os polícias deixem o ‘campus’ universitário, recordando um memorando de entendimento adotado em 2020, determinando que a polícia só poderá entrar na NYU em resposta a um crime violento ou desaparecimento de algum estudante.
Nas exigências constam ainda que a administração da NYU negocie substancialmente com os alunos sobre as suas reivindicações de boicote a investimentos em Israel.
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