“Gostaria de agradecer as informações que o ministro Serguei Lavrov me deu sobre a cooperação que a Federação russa tem hoje com as autoridades da República Centro Africana (RCA), um dos países em que Portugal tem uma importante missão de paz”, assinalou Augusto Santos Silva na conferência de imprensa conjunta.
Nas suas declarações, Lavrov também confirmou a abordagem da situação na RCA para destacar que “Portugal é o principal país com um contingente na missão da ONU [Organização das Nações Unidas], e o diálogo sobre este assunto foi mais um tema frutífero”.
Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA) com 160 militares, e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), em que estão presentes 45 militares portugueses.
No início de setembro, o major-general do Exército Marco Serronha assumiu o cargo de 2.º comandante da MINUSCA, que já sofreu 75 mortos desde que foi criada, em 2014.
Aquela que já é a 4.ª força nacional destacada conjunta no país é composta por cerca de 160 militares e iniciou a missão em 05 de setembro.
Portugal também integra e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.
A Rússia também possui um contingente na RCA, designadamente responsável pela segurança do Presidente e que substitui as forças norte-americanas no país da África central.
Na sequência da resolução 2127 do Conselho de Segurança da ONU, de 05 de dezembro de 2013, a Rússia foi autorizada a enviar armamento e um pequeno contingente militar para apoiar as forças de segurança da RCA na perspetiva de uma resolução do conflito interno.
De acordo com os dados oficias, Moscovo enviou cinco conselheiros militares e 170 instrutores civis, para além de fornecer armamento ligeiro e munições ao Governo dirigido por Faustin-Archange Touadéra no final de janeiro.
De acordo com uma declaração do ministério dos Negócios Estrangeiros russo em março de 2018, a missão da Rússia na RCA destina-se ao treino das forças governamentais e “em fornecer uma solução duradoura para o conflito armado”.
A República Centro-Africana resvalou para uma situação de caos e violência em 2013, após o derrube do ex-presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O Governo do Presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.
O restante território é dividido por mais de 15 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
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