O ministro dos Negócios Estrangeiros da República da Irlanda, Simon Coveney, afirmou que espera abordar essa questão com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para encontrar uma solução negociada entre todas as partes, incluindo o governo autónomo da Irlanda do Norte, que também se opõe a esta proposta.

O ministro da Irlanda do Norte, Brandon Lewis, anunciou hoje no Parlamento britânico a medida, qualificada pelos críticos de “amnistia”, que se aplicaria em princípio tanto às Forças Armadas britânicas quanto aos paramilitares unionistas (protestantes) e republicanos (católicos) acusados de crimes acontecidos antes dos acordos de paz de 1998.

Ao longo de 30 anos, o conflito da Irlanda do Norte opôs republicanos católicos, partidários da reunificação da Irlanda, contra ‘unionistas’ protestantes, favoráveis à manutenção da província sob a coroa britânica.

Os confrontos violentos e atentados bombistas resultaram em cerca de 3.500 mortes.

Coveney defendeu que o diálogo sobre este assunto com Londres deve estar sujeito aos princípios do chamado Acordo Stormont de 2014, no qual todas as partes da Irlanda do Norte, a República da Irlanda e o Reino Unido, se comprometeram a investigar crimes não resolvidos do conflito.

Anteriormente, o primeiro-ministro irlandês Micheál Martin já havia alertado que qualquer ação “unilateral” de Johnson equivaleria a “uma quebra de confiança” e “uma traição das vítimas”.

O anúncio de Lewis hoje ocorre três semanas depois que os governos britânico e irlandês concordarem em abrir uma ronda de conversas “curtas e focadas” com partidos políticos da Irlanda do Norte e vítimas do conflito sobre a questão do legado.

Até o momento, as partes realizaram apenas uma reunião desde então, enquanto a segunda, marcada para esta manhã, foi cancelada.