O anúncio pelo Comité 1922, o conselho dos deputados que organiza as eleições para a liderança, terá lugar às 12:30 em Londres, mas a passagem do ‘bastão’ só terá lugar na terça-feira, quando Johnson apresentar a demissão de primeiro-ministro à rainha Isabel II no castelo de Balmoral, na Escócia.
A viagem até ao norte do país, que rompe com a tradição de a audiência se realizar no Palácio de Buckingham em Londres, vai tornar a transição mais demorada, pois também o sucessor terá de viajar cerca de 1.600 quilómetros (ida e volta) entre a capital e o castelo escocês.
O longo processo começou a 07 de julho, quando Boris Johnson anunciou a renúncia na sequência da demissão de 60 membros do governo, instigados por uma série de escândalos e dúvidas sobre a integridade do líder.
Dos 11 candidatos interessados e oito que conseguiram os apoios necessários para entrar na corrida, foram escolhidos dois finalistas após cinco rondas de votação entre deputados.
A fase final, realizada por voto postal e aberta apenas aos cerca de 180.000 militantes do partido, encerrou na sexta-feira, após uma campanha pelo país que incluiu 12 comícios-debate entre Truss e Sunak, debates televisivos e outros eventos.
A decisão sobre quem vai dirigir o país de 67 milhões de habitantes recaiu sobre um grupo de menos de 0,3% da população, formado na maioria, segundo um estudo académico, por homens brancos com mais de 50 anos.
À espera de resposta urgente do novo chefe de governo estão questões como o custo crescente das contas de energia, que está a sufocar famílias, escolas, hospitais e empresas, e a inflação, que está a causar agitação social.
Apesar de ter sido terceira nas primeiras rondas, a ministra dos Negócios Estrangeiros tornou-se na candidata da continuidade, reunindo apoios da ala mais à direita e pró-Brexit do partido.
Assumidamente defensora de um mercado livre e impostos baixos, Liz Truss, de 47 anos, é uma política experiente que ocupou uma série de cargos ministeriais ao longo dos últimos 10 anos.
Durante a campanha, Truss conquistou as bases prometendo cortes fiscais e adotando um tom duro contra os sindicatos, o que lhe valeu comparações com Margaret Thatcher e uma vantagem superior a 30 pontos percentuais em algumas sondagens.
Mas, num país de resultados eleitorais inesperados, o antigo ministro das Finanças Rishi Sunak, de 42 anos, ainda pode surpreender e tornar-se no primeiro primeiro-ministro não branco no Reino Unido.
Descendente de indianos, Sunak tem-se esforçado para se distanciar da imagem de tecnocrata rico e de traidor porque foi dos primeiros a abandonar o governo no início de julho, precipitando a queda de Boris Johnson.
Associado à ala social-democrata do partido devido às medidas de apoio a famílias e empresas durante a pandemia, também ele invoca a herança de Thatcher de prudência fiscal, preferindo combater a inflação de dois dígitos antes de cortar impostos.
O Partido Conservador está no poder há 12 anos e está dividido entre várias correntes. Todas as sondagens indicam que perderá para o partido Trabalhista nas próximas eleições parlamentares que terão de realizar-se até Janeiro de 2025, o mais tardar.
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