“Obtivemos a subconcessão, em 2012, por um período de 15 anos, ou seja temos dois anos e meio até ao fim [deste contrato] com a Galp e se queremos continuar a investir temos de renovar esta subconcessão”, disse à agência Lusa o presidente executivo (CEO) da Ecoslops, Vincent Favier.

Instalada no Terminal de Granéis Líquidos do porto de Sines, no distrito de Setúbal, a refinaria da Ecoslops começou a funcionar em 2014 utilizando uma tecnologia que os responsáveis garantem ser “única no mundo” porque transforma os óleos residuais dos navios em fuel, gasóleo e betume, através da refinação e reciclagem.

De acordo com o diretor geral da Ecoslops Portugal, Pedro Simões, estes resíduos marítimos, designados ‘slops’, são vendidos principalmente “no mercado português e espanhol”, tendo já sido recicladas um total de 200 mil toneladas.

A empresa é ainda responsável pela gestão do tratamento de todos os resíduos e utilidades dos cinco terminais do porto de Sines que são “recolhidos, separados, acondicionados nas instalações e enviados para os centros de tratamento”, precisou.

Em declarações à Lusa, durante uma visita ao local, a convite da empresa que está a assinalar 10 anos de operações no porto de Sines, num investimento total de 35 milhões de euros, Vincent Favier explicou que as negociações com a Galp já tiveram início, mas disse ser necessário “alterar” os termos atuais da subconcessão.

“Os ativos existentes nesta infraestrutura, que foram transferidos para a nossa esfera, estavam em muito mau estado. A administração portuária nunca investiu, deu parte do negócio à Galp que também nunca investiu, até que a Galp cedeu-nos a concessão e disse que seria a nossa vez de investir e fizemos o máximo que conseguimos”, afirmou.

No entender do diretor executivo da empresa, que já injetou sete milhões de euros no âmbito deste acordo, “compete à Galp a responsabilidade de investir na melhoria” daquela infraestrutura.

“Não é nosso dever subsidiar a administração portuária ou a Galp. Não podem pedir a uma empresa pequena para avançar com esses investimentos, porque o contrato estabelece essa obrigatoriedade”, considerou.

Questionado pela Lusa sobre um cenário que não contemple a renovação da subconcessão, o responsável da empresa luso-francesa explicou que “não será possível continuar” com a unidade industrial (P2R), em Portugal, “que está totalmente integrada na subconcessão”.

“Queremos assegurar a nossa presença em Sines e chegar a um acordo com a Galp para a extensão do contrato depois de 2027 e já começamos a discussão para alterar certos aspetos do contrato, porque não queremos gastar outros sete milhões para renovar os equipamentos”, ressalvou.

A Ecoslops reviu recentemente o seu plano estratégico que aponta para a criação de um “hub” no porto de Sines que permitirá desenvolver a próxima geração de unidades de reciclagem de hidrocarbonetos e exportar esta tecnologia designada “Scarabox”, a partir de Portugal, sobretudo para países com economias subdesenvolvidas.

Por isso, defendeu Vincent Favier, a renovação da subconcessão permitirá um aumento da produção “de 25 mil para 35 mil toneladas” de combustível por ano, e “um investimento aproximado de 10 milhões de euros” no projeto da “Scarabox” e na manutenção da atividade.

“Pretendemos aumentar as nossas equipas de operadores para o P2R e de engenheiros, aumentar os salários dos trabalhadores e, ao localizar o negócio da “Scarabox”, em Sines, será necessário contratar mais pessoas, por isso facilmente passaremos de 40 para 50 funcionários”, concluiu.

Contactada pela Lusa, a Galp, concessionária do Terminal de Granéis Líquidos, não quis comentar a possibilidade de extensão da subconcessão com a Ecoslops.