“É surpreendente que o presidente da Galiza vá a Portugal com interesse numa linha ferroviária, que já está em obras e cuja data de finalização está prevista para finais de 2019, quando o único troço que falta para completar a linha, e do qual nunca fala a Junta, é a saída sul de Vigo”, refere Xoan Mao, citado em comunicado.
Em causa está um encontro na terça-feira em Lisboa entre Alberto Núñez Feijóo e o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, no final do qual o presidente da Junta da Galiza revelou que a modernização da linha ferroviária Porto-Vigo vai permitir em 2019 fazer esta viagem em uma hora e 20 minutos, contra duas horas e 15 minutos atualmente com o serviço Celta.
“É lamentável que o presidente da Junta da Galiza venha a Portugal a saber sobre uma linha que já está em obras, quando a parte da linha onde não se fez nada é a espanhola, que é a saída sul de Vigo. Vem a Portugal falar do que não faz em Espanha”, destacou à Lusa o secretário-geral do agrega 38 municípios portugueses e galegos.
Xoan Mao voltou assim a defender hoje a necessidade de ligar a Galiza a Lisboa por alta velocidade, para o que o governo espanhol deve construir os 30 quilómetros que separam Vigo da fronteira portuguesa.
Do lado português, a modernização e eletrificação da linha do Minho está em andamento para que, até 2019, a ligação ferroviária por Alfa Pendular possa chegar a Valença, perto da fronteira com Espanha e com a cidade de Tui.
Contudo, do lado espanhol as linhas ferroviárias preparadas para a alta velocidade param do lado norte de Vigo, impedindo uma ligação direta da Galiza a cidades portuguesas como Porto ou Lisboa.
“É uma linha sobre a qual nós, Eixo Atlântico, temos falado com o governo espanhol, mas que Feijóo nunca colocou oficialmente em cima da mesa”, lamentou hoje Xoan Mao.
Para o responsável, este encontro “foi mais uma ocasião perdida” e “uma visita totalmente propagandística e sem tratar de dossiês importantes como a política contra os incêndios, política de mobilidade, de coordenação portuária e aeroportuária” e ainda o Caminho Português de Santiago.
“Temos que olhar para o Norte, que é a nossa outra metade. A Galiza tem de se relacionar com Portugal sempre a partir do Norte, que é o seu parceiro natural”, destacou.
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