Em entrevista à agência Lusa, Gonçalo da Câmara Pereira disse não ter dúvidas de que o país se encontra numa “encruzilhada”.
“Estamos a levar um caminho em direção a uma Venezuela, e é esse o sentido com que estamos nestas eleições, de chamar a atenção para isso”, afirmou.
O presidente do PPM elege como os maiores riscos a “chamada revolução bolchevique calada”.
“Estamos a caminho de uma Cuba e as pessoas não percebem. A falsificação dos números da economia é uma coisa assustadora, a justiça está na mão dos partidos”, disse, concluindo: “É uma chamada falsa democracia”, prosseguiu.
Gonçalo da Câmara Pereira garante que o PPM tem objetivos muito concretos. Quer liberalizar o ensino que, na sua opinião, tem estado “cada vez mais estatizado, com programas que não são adequados a uma democracia”.
“O ensino privado, que deve ser muito mais aberto, está a ficar completamente fechado. A liberdade de ensino que os pais têm sobre a educação começa a ser muito dependente do Estado”, especificou.
E acrescentou: “Herdámos um Estado salazarista, mas mantivemo-lo. Fizemos uma revolução para acabar com o Estado como Estado protetor e a estrutura mantém-se. Não há um único banco português, todos dependem do Estado. O ensino é o Estado, Estado, Estado”.
Ainda no ensino, defende a continuidade do público, mas com programas “mais liberalizados”.
“Não pode ser o Estado a dar a instrução. Tem de dar programas básicos, mas depois liberalizar e deixar os pais e a sociedade escolherem outros programas e formação que não seja canalizada pela própria imposição republicana muito fechada. Que seja aberta à sociedade”, disse.
Em relação à saúde, considera que o estado atual do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é “uma miséria, porque deixou de haver investimento”. O mesmo Governo que “cortou as verbas” é o que “diz que quer salvar o SNS”, acusa.
Preocupado com os níveis de abstenção, pelos quais responsabiliza os partidos que têm estado no poder nos últimos anos, o presidente do PPM chama a atenção para a recente formação de vários pequenos partidos políticos que, “se surgiram, foi por alguma razão”.
Trata-se de “uma resposta da sociedade civil a um esgotamento destes partidos do chamado arco governamental”, diz, sublinhando que “a maior parte dos pequenos partidos que surgiram ultimamente são de direita, não são de esquerda”.
“Os partidos que estão no Governo e estão já institucionalizados, dominam a sociedade e não deixam respirar a democracia. A democracia neste momento não está respirável, porque os pequenos partidos são considerados de segunda divisão e os outros são de primeira divisão”, prosseguiu.
Para já, o PPM apenas vê a possibilidade de participar numa coligação se esta for composta por partidos de direita.
Como objetivo para as legislativas de 06 de outubro, o partido definiu a eleição de deputados ou um resultado que implique uma subvenção estatal.
O nosso objetivo seria os 50 mil votos, a partir daí seria uma vitória, disse.
Como primeira medida caso chegue ao Parlamento elegeu o fim das espécies invasoras — o eucalipto e o pinheiro.
“Não se consegue combater isto atualmente, porque mexe com dois a três por cento do Produto Interno Bruto (PIB)”, mas “são plantas invasoras que estão cá e são responsáveis pelos incêndios e pela poluição dos rios”.
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