“Eu não quero entrar no leilão que tem havido, que eu considero quase pornográfico, de propostas de baixa de impostos, porque acho que isso é mau. Os partidos da oposição aparecem a dizer - e o Governo também já veio falar em baixa de impostos - eu baixo x e o outro baixa y e o outro y + 3”, argumentou Santana Lopes.
Em entrevista à Lusa, o antigo primeiro-ministro e presidente do PSD, que em 2018 fundou a Aliança, sustentou que é preciso baixar o IRC (Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas) para chamar investimento, apontando que grandes empresas portuguesas “têm a sua sede na Holanda, que tem uma política fiscal muito agressiva para chamar os grandes grupos”.
“O que eu estou a dizer do IRC é mesmo por considerar que é muito importante para Portugal. Eu gostava de baixar muito mais sobre as famílias e sobre as pessoas e os rendimentos do trabalho, só que o dinheiro não chega para tudo enquanto a economia não crescer”, justificou.
A proposta fechada só será conhecida no programa eleitoral, que é divulgado em 06 de setembro.
No plano fiscal, a Aliança defende também “a redução do IMT [Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis] para jovens até 30 ou casais com média até 35 anos, e o aumento à dedução à coleta dos lucros das empresas que sejam reinvestidos no capital ou em ativos das empresas”.
Santana criticou também a governação do PS com o apoio da maioria parlamentar de esquerda por entender que, “por opções ideológicas talvez”, se “apostou mais em setores que não são os mais importantes para o crescimento do país, para o crescimento da economia”.
“Ligou-se muito pouco às empresas. Eu elogiaria os resultados orçamentais do Governo se não tivessem implicado os sacrifícios que implicaram, nomeadamente na área da saúde e não só”, afirmou.
“Mais do que dizer se fizeram bem ou mal, eu o que digo, principalmente, é que seguiram um caminho político que em minha opinião é errado. E não viram aquele que para mim é o principal problema do país. A grande questão da vida dos portugueses é saber se nós vamos conseguir chegar ao nível de vida no médio dos europeus ou não. Esse é o ponto principal, na minha opinião”, considerou.
Santana Lopes voltou a sublinhar a sua proposta de um “grande pacto nacional” para o crescimento a apresentar em Bruxelas.
“Gostava tanto que fosse possível fazer um grande pacto nacional sobre esse assunto em que nós todos portugueses, dos vários partidos, nos sentássemos à mesa e disséssemos assim ‘nós temos de ir a Bruxelas resolver isto’, porque senão eles continuam de facto, muitas vezes, a engordar à nossa custa”, afirmou, pedindo um projeto europeu de coesão.
*Ana Clotilde Correia e Francisca Matos (texto), Manuel Almeida (fotos) / Lusa
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