O desafio foi lançado pela Câmara Municipal de Lousada, que contactou a empresa de injeção de plásticos para saber se alguma coisa poderia ser feita para suprir a falta de material de proteção médico no mercado. A resposta não se fez esperar e já na próxima semana começam a ser produzidas 12 mil viseiras por dia.
Hoje a azáfama era tal que a conversa entre a diretora comercial da Univerplast, Mafalda Monteiro, que é também filha da proprietária, e o SAPO24 foi interrompida uma série de vezes e só ficou resolvida ao terceiro telefonema. Tudo porque a necessidade é urgente e é preciso adaptar processos na fábrica.
A empresa foi fundada há 31 anos para fabricar cabides, que produz para o mercado interno, mas também para países como Espanha, França, Angola, Marrocos ou México, entre outros. "Sempre trabalhámos 24h por dia, em três turnos fixos", diz. E assim continuará a ser.
A diferença é que em vez de cabides, agora serão produzidas viseiras médicas. Quando receberam a notícia, os 37 colaboradores da empresa ficaram "muito entusiasmados e solidários, e mostraram de imediato a sua disponibilidade para trabalhar no novo projeto", afirma a diretora comercial, que lembra que a empresa, até pela sua dimensão, tem "uma responsabilidade social inerente muito vincada e transversal, pelo que decidimos não ficar alheios ao que se está a passar".
A decisão foi tomada depois do contacto feito pelo executivo camarário e também de um levantamento feito às necessidades dos hospitais. As linhas de produção da Univerplast não sofrerão alterações, mas "o embalamento do produto exige regras de higienização muito apertadas, visto tratar-se de um equipamento de saúde", que tem de ir devidamente desinfetado e acondicionado.
Foi ainda necessário adquirir um molde para fabricar as viseis médicas, o que exigiu à empresa algum investimento, cujo montante Mafalda Monteiro preferiu não especificar. "O molde ficará pronto nos próximos dias, pelo que no final da próxima semana já começaremos a fazer as primeiras entregas".
As viseiras de protecção serão produzidas em tempo recorde, já que "o desenvolvimento de um molde pode levar mais de três meses". Para isso, foi necessária a colaboração do Infarmed [Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde], com quem "desenvolvemos a melhor viseira médica possível face às necessidades dos nossos profissionais de saúde. É preciso dizer que são equipamentos aprovados pelas entidades competentes", salienta Mafalda Monteiro.
Não há em Portugal empresas produtoras de viseiras médicas ou deste tipo de equipamento de protecção individual, habitualmente comprado no mercado externo. A Univerplast será a primeira a fazê-lo. A empresas, que está agora na fase de dar a conhecer o produtos e receber encomendas, "trabalhará na produção de viseiras até que as encomendas se esgotem", segundo a directora comercial. Depois, a empresa, que tem uma facturação de perto de 3 milhões por ano, voltará à laboração habitual.
As viseiras serão vendidas ao preço unitário de 3,5 euros mais IVA, inferior aos preços de mercado, mas Mafalda Monteiro recorda que "não há aqui um objectivo economista. Aquilo que nos move, uma vez mais, é o facto de podermos ajudar o país a ultrapassar esta crise. Foi isso que nos fez aceitar o desafio: unidos será muito mais fácil ultrapassar esta crise, que é de todos".
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