Na I Convenção Internacional dos Enfermeiros, que hoje começou no Porto, Francisco Ramos elogiou o papel dos enfermeiros no país, num momento em que tem havido várias lutas laborais pela dignificação da enfermagem e também numa altura de crispação de relações entre a ministra da Saúde e a bastonária da Ordem dos Enfermeiros.
“Deve ser privilegiado o caráter multidisciplinar da saúde, reconhecendo a importância de todas as profissões, entre elas a enfermagem, que tem de ser reconhecida, valorizada, encarada como o pilar que é esta profissão para a prática dos cuidados de saúde que queremos”, afirmou o secretário de Estado, que chegou a suspender relações institucionais com a Ordem, na altura da “greve cirúrgica” dos enfermeiros, relações entretanto reatadas.
Francisco Ramos fez questão de “reafirmar a confiança, respeito e reconhecimento no grupo profissional de enfermagem”, além de ter aproveitado a ocasião para personalizar um cumprimento à enfermeira que o acompanhou quando teve um problema de saúde, antes de assumir as atuais funções governativas.
Na sua intervenção, reconheceu também que o sistema de saúde sobreviveu à crise económica e financeira que o país atravessou, mas “muito pelo esforço e à custa dos profissionais de saúde, que souberam resistir a penalizações”.
“Neste momento a recuperação é mais lenta do que gostaríamos. Existe, mas é bem mais lenta do que todos nós gostaríamos”, admitiu ainda.
Francisco Ramos elencou ainda o conjunto de desafios que o sistema de saúde em Portugal tem pela frente nos próximos anos, destacando a importância da integração dos cuidados e de colocar o cidadão no centro do sistema.
O secretário de Estado entende que há, com frequência, uma organização de cuidados “demasiado espartilhada”, com o mesmo modelo hospitalar de há 40 anos.
Mesmo em relação aos cuidados de saúde primários, iniciou-se uma mudança há cerca de 15 anos, mas o governante entende que essa reforma ainda vai a meio, “ou nem isso”.
Francisco Ramos considera que o panorama epidemiológico exige uma mudança de organização e de comportamento: “Já não temos pela frente o modelo de episódio de doença aguda, em que tratamos e prestamos os cuidados e devolvemos a pessoa ao seu meio ambiente. O predominante são os doentes crónicos que precisam de nós hoje, amanhã e no dia seguinte e no dia também seguinte”.
A I Convenção Internacional dos Enfermeiros, organizada pela Ordem, começou hoje no Porto e termina no sábado, numa altura de crispação entre o organismo e a ministra da Saúde, que no final do mês passado ordenou a realização de uma sindicância à estrutura que representa os profissionais.
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