Em entrevista à Lusa um mês depois da tomada de posse, a primeira mulher à frente da FBAUP, Lúcia Almeida Matos, lembrou que as Belas Artes e o Porto “sempre tiveram bastante ligação de proximidade”, algo que era – e é – visível através não só dos ateliês de alunos e professores na zona do Bonfim, mas também da presença de estudantes e docentes pelas ruas a trabalhar.
“O que me parece é que [essa relação] pode ser potenciada. A cidade está cheia de sinais do trabalho aqui feito em termos de obra pública, quer de escultura quer de mosaicos, azulejos, pintura ou arquitetura, que até há bem pouco tempo também saía daqui. Falta essa identificação. Penso que algum trabalho será interessante fazer no sentido de informar as pessoas. Quando olham para o monumento da Boavista, olham para trabalho desenvolvido aqui dentro. Ou para São Bento”, disse Lúcia Almeida Matos.
A nova diretora da faculdade salientou que conta que as obras de reabilitação de um dos edifícios fiquem resolvidas este ano, embora não acredite que a expansão para os terrenos anexos à FBAUP fique concluída durante o seu mandato.
“Há que definir o que é que queremos para aqueles edifícios e isso vai ser demorado. Tem que ser muito discutido, negociado, temos que estabelecer prioridades. Vai ser um processo que vai demorar e uma vez fechado isso, o chamado programa para aqueles espaços, então lançar concursos para arquitetura, etc. O que queria neste mandato era tornar o processo irreversível”, afirmou Lúcia Almeida Matos.
No entanto, apesar de não haver data para o arranque do projeto dos novos edifícios, a professora nas Belas Artes desde 1987 gostaria de ver a relação com a cidade reforçada também através desse alargamento das instalações.
“Creio que seria mais interessante uma ação concertada, por exemplo, com a construção dos novos edifícios. Parte será – isso está identificado embora não saibamos como – para a coleção de arte da faculdade. A coleção de arte da faculdade é muito particular, muito peculiar, com características muito próprias, que não tem nada a ver com as coleções de arte dos museus, porque é uma coleção orientada para o trabalho que se faz aqui, que é um trabalho pedagógico e de ensino e de aprendizagem”, explicou a licenciada em Filosofia e mestre em Ciências da Arte.
Assim, a melhoria das infraestruturas da faculdade também permitirá um renovado acesso à coleção que inclui - segundo uma dissertação de mestrado de 2008 orientada pela agora diretora - trabalhos de Domingos Sequeira, Francesco Sabatelli, Jan Van Der Vaart, Henrique Pousão, António Carneiro, Júlio Resende ou José Rodrigues, para além de um desenho de Leonardo Da Vinci muitas vezes cedido a instituições internacionais.
Lúcia Almeida Matos exemplifica esse potencial com, por exemplo, a criação de roteiros que mostrem os percursos feitos pelos artistas pela cidade até às Belas Artes, em articulação com o seu trabalho.
“Esta seria outra maneira de olhar e visitar a cidade. E também valorizando esta zona que sabemos que está a merecer atenção particular”, afirmou a nova diretora da faculdade, cujo mandato se prolonga até 2022.
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