Donald Trump anunciou tarifas de 25% para os produtos provenientes do Canadá e do México, os dois principais parceiros comerciais dos Estados Unidos e em teoria protegidos por um acordo de livre comércio. Com isto, a mensagem é clara: ninguém fica fora das políticas do presidente eleito e pode estar a iniciar-se uma guerra comercial.
Porquê esta medida?
Durante a campanha, Trump apresentou as tarifas como um pilar da sua política económica e anunciou taxas de 10% a 20% para todos os produtos que entrarem nos Estados Unidos e entre 60% e 100% para os produtos chineses.
A ideia tem três objetivos: financiar uma redução de impostos, incentivar as empresas a instalarem-se e produzirem nos Estados Unidos para aproveitar o seu mercado interno e usar as tarifas como moeda de troca para futuras negociações comerciais.
Quais as consequências?
Bernard Yaros, economista da Oxford Economics, referiu à AFP que, com esta medida, os parceiros comerciais na Europa e na Ásia não vão hesitar em iniciar represálias que "realmente vão prejudicar o crescimento", tanto nos Estados Unidos quanto no resto do mundo.
A Europa vai entrar nesta guerra comercial?
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, considera que a União Europeia devia negociar com Donald Trump em vez de optar por uma estratégia de represálias e uma guerra comercial que não beneficiaria ninguém.
"Quando se começa a desenhar uma guerra comercial, depressa se pode assistir a uma escalada que, na minha opinião, é negativa em termos líquidos. Isto não pode beneficiar ninguém, nem os Estados Unidos, nem a Europa, nem ninguém. Induziria uma redução global do PIB", assegurou numa entrevista ao Financial Times.
"Poderíamos oferecer comprar certas coisas aos Estados Unidos e assinalar que estamos dispostos a sentarmo-nos à mesa e ver como podemos trabalhar juntos", continua.
Além disso, Lagarde recorda que, a última vez que houve uma ameaça de imposição de tarifas na Europa, o foco adotado pela Comissão Europeia foi o de sentar-se e falar: "Não para adotar represálias, mas para negociar".
Lagarde defende que não está completamente segura das consequências que poderia ter uma possível guerra comercial com os Estados Unidos, já que Trump não foi muito específico sobre o alcance nem a base sobre a qual seriam aplicadas as tarifas.
Em qualquer caso, a presidente do BCE avisa que tal poderia provocar um pouco de inflação a curto prazo, enquanto a longo prazo as tarifas seriam negativas para o crescimento global.
*Com agências
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