Durante várias semanas, os palestinianos, que têm o estatuto inferior de “Estado observador não membro” desde 2012, bem como os países árabes, imploraram ao Conselho que aceitasse que um “Estado palestiniano” já reconhecido pela maioria das capitais tomasse o seu “lugar legítimo” nas Nações Unidas.

“Conceder à Palestina a adesão plena às Nações Unidas aliviaria algumas das injustiças históricas sofridas por gerações de palestinianos”, sublinhou hoje Ziad Abu Amr, alto funcionário da Autoridade Palestina, perante o Conselho de Segurança.

Os pedidos foram em vão. Os Estados Unidos, que tudo fizeram para atrasar a votação, não hesitaram em usar o seu direito de veto, que utilizam regularmente para proteger o seu aliado israelita.

O projeto de resolução apresentado pela Argélia que “recomenda à Assembleia Geral que o Estado da Palestina seja admitido como membro das Nações Unidas”, obteve 12 votos a favor, 1 contra e 2 abstenções (Reino Unido e Suíça).

Os Estados Unidos continuaram a repetir nas últimas semanas que a sua posição “não mudou” desde 2011, quando o pedido de adesão apresentado pelo presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, foi abreviado face à oposição norte-americana, antes mesmo de chegar à fase do Conselho.

Washington acredita que a ONU não é o lugar para o reconhecimento de um Estado palestiniano, que segundo as autoridades norte-americanas deveria ser o resultado de um acordo entre Israel e os palestinianos.

Também enfatizam que a legislação norte-americana exigiria que cortassem o seu financiamento à ONU no caso de adesão palestiniana fora de tal acordo bilateral. O último veto à adesão de um Estado à ONU data de 1976, quando os norte-americanos bloquearam a entrada no Vietname.

Os israelitas também denunciaram veementemente a iniciativa palestiniana, criticando o simples facto de o Conselho estar a analisar o pedido palestiniano que o seu embaixador na ONU, Gilad Erdan, considerou imoral.

O governo israelita opõe-se à solução de dois Estados, defendida por uma grande maioria da comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos.

E a maioria dos 193 Estados-membros da ONU (137 de acordo com a contagem da Autoridade Palestiniana) reconhece unilateralmente um Estado Palestiniano.

O conflito em curso entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas foi desencadeado pelo ataque de 07 de outubro de 2023, que provocou a morte de cerca de 1.200 israelitas, a maioria dos quais civis, e levou ao sequestro de cerca de 240 civis, dos quais mais de 100 permanecem como reféns em Gaza.

Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, tem bombardeado a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas quase 34 mil pessoas, a maioria das quais eram também civis.