"Estou feliz por estar vivo", disse à AFP o jovem afro-americano de 21 anos, que trabalhava na fábrica da Mayfield Consumer Products há apenas dez dias.
O homem já tinha trabalhado nesse mesmo edifício da pequena cidade, agora reduzida a quase nada após a passagem de um tornado de proporções históricas. O prédio é hoje nada mais do que uma pilha de destroços que os socorristas têm removido cuidadosamente na esperança cada vez menor de encontrar sobreviventes.
Na sexta-feira à noite, contou Jemaryon Hart, "ouvimos o alarme e corremos para a zona de segurança, mas quando chegamos, de repente, já não havia nada a fazer". O tornado atingiu a construção e o teto desabou, prendendo os funcionários.
“Foi assustador, fiquei preso entre paredes, blocos de metal e madeira”, explicou. "O tempo passava e o prédio continuava a desabar. No começo eu conseguia mexer-me um pouco, mas depois não deu mais, comecei a ser comprimido."
“Eu tentei controlar a minha respiração, mas para outros foi impossível e entraram em pânico. Não dava para ver nada. Alguns desmaiaram, outros morreram”, disse o sobrevivente.
O jovem conseguiu tirar o telemóvel do bolso e ligar para a sua namorada grávida e a sua mãe. "Isso deu-me esperança e confiança para resistir, sobreviver e esperar pelo resgate", que aconteceu após sete horas, por volta das 3h40 da manhã.
Os primeiros socorristas, que chegaram uma hora após o início do tornado, demoraram muito para limpar os escombros. "O menor movimento errado ter-nos-ia esmagado", afirmou Hart.
Além dos ferimentos e dores nas pernas, o homem afirma ter lesões psicológicas. Um dos seus jovens colegas morreu e ele não para de reviver o seu calvário cada vez que se lembra daquele dia na fábrica. "As imagens ficam a girar na minha cabeça. É muito difícil de controlar", disse.
O jovem também denunciou a falta de medidas de segurança por parte da direção da fábrica, que decidiu continuar o dia de trabalho apesar das advertências das autoridades.
A empresa pode agora ser investigada pela Justiça. “Se o que deveria ter sido feito para priorizar a segurança dos funcionários não foi feito, é isso o que eles merecem”, declarou.
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