"Nenhuma opção está descartada", disse aos jornalistas a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, ao advertir para uma "situação extremamente perigosa".
"Agora estamos em uma etapa na qual a Rússia poderia, a qualquer momento, lançar um ataque contra a Ucrânia", afirmou.
Esta tomada de posição contrasta com o que o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken afirmou hoje também. De acordo com o Departamento de Estado norte-americano, Blinken — que está de partida para uma visita oficial a Kiev – esteve ao telefone com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, onde “sublinhou a importância de procurar uma via diplomática para aliviar as tensões decorrentes da concentração profundamente perturbadora de tropas russas na Ucrânia”.
Blinken — que vai reunir com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kiev — deverá “reforçar o compromisso dos Estados Unidos com a soberania e a integridade territorial da Ucrânia”, de acordo com o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price.
Durante uma conferência de imprensa conjunta com a sua homóloga alemã Annalena Baerbock, Serguei Lavrov disse que Moscovo continua a aguardar por respostas dos países ocidentais às exigências feitas pela Rússia, que insiste em que a NATO não aceite a inclusão da Ucrânia na Aliança Atlântica e que não fortaleça a posição das suas forças militares junto às fronteiras russas.
“Aguardamos as respostas que nos prometeram, para continuar as negociações”, explicou Lavrov.
Entretanto, a Rússia deslocou ao longo do dia tropas do extremo leste do país para a Bielorrússia, onde vão participar em exercícios militares, o que implica uma nova concentração de tropas junto das fronteiras ucranianas.
O vice-ministro da Defesa, Alexander Fomin, indicou que estas manobras se destinam a fornecer uma resposta conjunta a potenciais ameaças externas por parte dos dois aliados, que mantêm estreitas relações políticas, económicas e militares.
Fomin não especificou a quantidade de tropas e armamento envolvidos nos exercícios. Responsáveis ucranianos têm indicado que a Rússia poderá lançar um eventual ataque em várias direções, incluindo a partir de território bielorrusso.
Esta decisão militar deverá levar ao reforço dos já cerca de 100.000 soldados russos que os ocidentais indicam estarem estacionados perto das fronteiras ucranianas, e que consideram o prelúdio para uma invasão.
A Rússia tem negado qualquer intenção de atacar o seu vizinho ex-soviético, mas pede garantias do ocidente de que a NATO não prosseguirá a expansão para outros países ex-soviéticos, em particular a Ucrânia e Geórgia, nem colocará as suas tropas e armamento nesses territórios.
Washington e os seus aliados rejeitaram firmemente os pedidos russos no decurso das negociações Rússia-EUA em Genebra na semana passada, e no encontro NATO-Rússia em Bruxelas.
Fomin disse que estas manobras, que incluem um número não especificado de tropas provenientes do Distrito Militar do Leste, que engloba a Sibéria oriental e o extremo-oriente russo, refletem a necessidade de concentrar na prática a quase totalidade do potencial militar do país nas regiões ocidentais da Rússia.
“Pode surgir uma situação em que as forças e meios de grupos ou forças regionais seja insuficiente para garantir uma sólida segurança da Federação [da Rússia], e devemos estar preparados para a reforçar”, indicou Fomin num encontro com adidos militares estrangeiros.
“Chegámos a uma posição comum com a Bielorrússia sobre a necessidade de envolver todo o potencial militar para uma defesa conjunta”, adiantou.
O autoritário Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, indicou que as manobras conjuntas vão decorrer junto à fronteira ocidental do país e ainda no sul, a região fronteiriça com a Ucrânia.
O líder de Minsk tem procurado um crescente apoio do Kremlin na sequência das pesadas sanções ocidentais, aplicadas após a musculada repressão dos protestos internos.
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