O parecer do cirurgião-geral Vivek Murthy, nomeado pelo presidente Joe Biden, é o primeiro grande relatório sobre a violência armada elaborado pelo seu gabinete, que possui autoridade limitada, mas desempenha um papel público significativo em questões de saúde pública.
"A violência com armas de fogo é uma crise urgente de saúde pública que tem causado perda de vidas, um profundo e inimaginável sofrimento para demasiados americanos", disse Murthy em comunicado.
"Não precisamos de continuar este caminho e não devemos submeter os nossos filhos ao horror da violência com armas de fogo. Todos os americanos merecem viver livres da violência com armas de fogo, assim como do medo e da devastação que isso traz", afirmou.
O relatório cita dados governamentais e de outras fontes que mostram que os Estados Unidos são um país atípico em termos de mortes e ferimentos por armas de fogo, especialmente entre crianças.
Nos últimos anos, as armas de fogo tornaram-se a principal causa de morte entre americanos de 1 a 19 anos, superando os acidentes de trânsito, de acordo com o relatório.
Em 2022, 48.204 pessoas morreram como resultado de armas de fogo, incluindo suicídios.
"Será necessário o compromisso coletivo de nossa nação para mudar o curso da violência com armas de fogo", disse Murthy, pedindo investimento em pesquisa, programas de educação comunitária, apoio à saúde mental e controlos mais rigorosos na compra de armas.
Um relatório semelhante sobre o tabaco na década de 1960 é considerado um passo inicial crucial para alertar para os seus perigos, o que eventualmente levou a novas regulamentações e a uma queda acentuada no consumo.
"Crise moral"
"O custo coletivo da violência armada para a saúde mental da nossa nação é imenso", escreveu Murthy na rede social X. "O trauma e a dor que tantos americanos vivem devido a lesões e mortes relacionadas a armas já tiveram graves consequências."
"Esta é uma crise de saúde pública evitável, mas a nossa incapacidade em enfrentá-la é uma crise moral", afirmou, pedindo ação com "clareza, coragem e urgência".
As suas recomendações incluem um armazenamento mais rigoroso de armas, verificações abrangentes de antecedentes para compradores, a retirada de armas a pessoas perigosas como conjuges violentos, e a proibição de armas de assalto e carregadores de alta capacidade.
Essas medidas, apoiadas há muito tempo pelo presidente democrata Joe Biden, exigem um acordo político no Congresso antes de poderem ser aplicadas a nível federal.
Os republicanos geralmente opõem-se a regulamentações com base na Segunda Emenda da Constituição dos Estados Unidos, que protege o direito de ter armas de fogo.
"Aos meus colegas republicanos: venham para a mesa de negociações e trabalhem connosco para aprovar uma lei que ajude a salvar vidas", disse nesta terça-feira o influente senador democrata Dick Durbin.
O poderoso lobby das armas, a NRA (National Rifle Association), rapidamente criticou o relatório como "uma extensão da guerra da administração Biden contra proprietários de armas que respeitam a lei".
"Os Estados Unidos têm um problema de crime causado por criminosos", afirmou o diretor executivo da organização, Randy Kozuch, desviando o assunto.
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