“Temos obviamente que tratar o problema dos fluxos migratórios. Nós não ignoramos os problemas e temos que os enfrentar e não deixar esse tema exclusivo para a extrema-direita. Mas fechar a Europa como Fortaleza é o oposto do que a Iniciativa Liberal defende”, disse à agência Lusa João Cotrim Figueiredo, durante uma ação de pré-campanha junto à praia de Carcavelos, Cascais.
O candidato da IL às eleições europeias de 09 de junho foi questionado sobre as declarações do presidente do Chega, André Ventura, numa convenção do partido espanhol Vox, de extrema-direita, em Madrid, em que pediu uma União Europeia com "fronteiras fortes" e sem "entrada massiva de imigrantes islâmicos e muçulmanos" e disse estar convencido de que será o próximo primeiro-ministro de Portugal.
"Queremos fronteiras fortes em Portugal, em Espanha e na Europa toda. Porque a Europa é nossa", disse Ventura na convenção que reúne hoje na capital espanhola dirigentes da direita radical europeia e americana, na pré-campanha das eleições para o Parlamento Europeu.
João Cotrim Figueiredo sustentou que esta visão é “totalmente oposta” àquela que a IL entende que deve ser o espaço europeu.
“A nossa leitura é simples e, não é só a nossa, é a do povo português, que quando mostra o seu apreço pela Europa diz que gosta da Europa. Sempre foi um espaço de paz, liberdade, democracia e prosperidade e tem-no feito porque se integrou, porque gerou estas quatro liberdades de circulação de pessoas, de bens, de serviços, de capitais que têm trazido prosperidade”, precisou o candidato da IL.
João Cotrim Figueiredo considerou também que “é a abertura que tem feito Europa grande, útil e amada pelas pessoas”.
Também presente na iniciativa da pré-campanha, que consistiu numa arruada e almoço, o presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, comentou as declarações de André Ventura, nomeadamente quando o líder do Chega disse estar convencido de que será o próximo primeiro-ministro de Portugal.
“Os portugueses não lhe deram ainda confiança para ter esse tipo de discurso, portanto, confio na prudência e na boa decisão dos portugueses nas eleições que vierem e cá estaremos para apresentar as nossas posições, as nossas medidas, as nossas propostas, dizendo aos portugueses que o caminho é diferente”, disse Rui Rocha.
O presidente da IL sublinhou que esse caminho “não passa pelo medo, ressabiamento e pôr portugueses contra portugueses”, mas sim “mudar o país no sentido de que ele precisa da prosperidade económica, de salários mais altos, de condições para os jovens ficar ficarem”.
No final da arruada na marginal entre Oeiras e Carcavelos, o cabeça-de-lista da Iniciativa Liberal ao Parlamento Europeu afirmou que a recetividade com a população “tem sido ótima” e com “muito maior capacidade de mobilização da IL relativamente a eleições passadas”.
O candidato referiu que eleições ao Parlamento Europeu são “particularmente difíceis de projetar pela natureza dos temas e pelo facto de haver sempre mais abstenção”.
“Tentaremos que este ano [a abstenção] não seja tão elevada e tentar fazer com que aqui também haja menos abstenção, como aconteceu nas últimas legislativas, disse, frisando que a IL mantém o objetivo inicial de eleger um eurodeputado.
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