Para Manuel Clemente, está em causa “a vida, o seu significado, sobretudo quando está mais fragilizada”, sublinhou, em declarações à agência católica Ecclesia.
A despenalização da eutanásia “pode ser episodicamente aprovada, mas nós cá estamos, como seres humanos, nesta frente comum por uma humanidade melhor”, afirmou, acrescentando que o tema “não se pode tratar de ânimo leve”.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa defendeu que a “atitude correta” é estar “ao lado de quem sofre, para que essa última fase da sua vida – com tudo aquilo que os cuidados paliativos também podem e devem fazer, quando generalizados e aplicados -, seja uma fase positiva”.
Nas declarações à Ecclesia, o cardeal patriarca mostrou-se convicto de que quem é acompanhado “não quer morrer”.
“A vida tem de ser vivida em toda a sua latitude e longitude, ainda antes do nascer, na sua fase embrionária, e na sua fase final. Esta é uma questão que, ou se trata na totalidade, ou fica muito maltratada”, acrescentou.
A questão da eutanásia deve marcar a próxima reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, marcada para a próxima terça-feira, em Fátima.
A Assembleia da República agendou para 20 de fevereiro o debate dos projetos do BE, PS, PAN e PEV sobre a despenalização da morte medicamente assistida.
Em 2018, a Assembleia da República debateu projetos de despenalização da morte medicamente assistida do PS, BE, PAN e PEV, mas foram todos chumbados, numa votação nominal dos deputados, um a um, e em que os dois maiores partidos deram liberdade de voto.
Há dois anos, o CDS-PP votou contra, assim como o PCP, o PSD dividiu-se, uma maioria no PS votou a favor, o PAN e o BE votaram a favor.
Face ao resultado, os partidos defensores da despenalização remeteram para a legislatura seguinte, que saiu das legislativas de outubro, a reapresentação de propostas, o que veio a acontecer.
Na atual legislatura, há, de novo, projetos de lei sobre a morte medicamente assistida apresentados pelo Bloco de Esquerda, PS, PAN e PEV, que determinam as condições em que é despenalizada a eutanásia.
Para este dia, a Federação Portuguesa pela Vida tem prevista uma concentração junto à Assembleia da República, contra a despenalização da eutanásia.
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