Estas novas revelações surgem no âmbito da estreia de "Phoenix Rising", documentário sobre a vida e carreira de Evan Rachel Wood no festival Sundance 2022, escreve o jornal britânico The Guardian. Esta é mais recente de um rol de acusações feitas ao cantor de 53 anos de violência sexual e abuso.
O episódio em questão terá ocorrido durante a gravação de "Heart-Shaped Glasses (When the Heart Guides the Hand)", single de Marilyn Manson — nome artístico de Brian Warner — lançado em 2007.
O ato em questão era suposto ser uma cena de sexo simulado — algo que tinha sido previamente acordado entre os dois —, mas Manson terá ido mais longe. "Ele começou a penetrar-me a sério", quando as câmaras começaram a gravar, revela Wood. "Eu nunca tinha concordado em fazer aquilo", garante.
“Eu fui coagida a uma cena de sexo comercial sob falso pretexto. Esse foi o primeiro crime contra mim e eu fui, essencialmente, violada em vídeo", afirma no documentário.
A atriz adianta que lhe terá sido dado absinto antes da cena e que, como resultado, estava num estado de consciência incapaz de resistir aos avanços de Manson. "Nunca na minha vida estive num set tão pouco profissional como esse. Foi um completo caos e não me senti segura. Ninguém cuidou de mim", revela. Wood tinha, à época, 19 anos.
O episódio não só fê-la sentir "nojenta e como se tivesse feito algo vergonhoso", como a atriz sublinha que, na altura, não sabia como defender-se ou dizer não porque "tinha sido condicionada e treinada para nunca responder, apenas para lidar".
Além da cena em si, Manson ter-lhe-á dado instruções de como falar sobre o videoclip aos jornalistas, sendo suposto que dissesse que ambos tiveram um momento "ótimo e romântico". "Mas eu estava assustada de fazer algo que irritasse o Brian de qualquer forma. O vídeo foi apenas o início da violência que veio a aumentar ao longo da relação", garante.
Esta é mais recente revelação da atriz. Em 2018, Evan Rachel Wood tinha referido que foi violada, durante as audiências que decorreram no Congresso dos Estados Unidos da América (EUA), sem, no entanto, revelar a identidade do agressor. No entanto, em janeiro de 2021 anunciou publicamente que se tratava de Manson numa publicação no Instagram: “Brian Warner, também conhecido pelo mundo como Marilyn Manson”.
A atriz revelou que Manson a “manipulou psicologicamente” ainda antes de fazer 20 anos, acrescentando que foi alvo de “abusos horríveis durante anos”. Wood contou que o músico a começou “a aliciar” quando era ainda adolescente e “abusou horrivelmente” dela “durante anos”. “Estou cansada de viver com medo de represálias, de calúnias e de chantagem”, escreveu Evan Rachel Wood.
A relação entre ambos foi tornada pública em 2007, quando Manson tinha 38 anos e Wood 19, e acabou em 2010, já com o noivado anunciado.
Em 2018, a procuradoria do condado de Los Angeles ponderou uma acusação formal a Manson por crimes de agressão e violência sexual, alegadamente cometidos em 2011, mas concluiu não haver elementos de prova suficientes para avançar. A alegada vítima foi então identificada apenas como uma relação do artista.
Depois das revelações de Wood, mais mulheres vieram a público para acusar Manson de abusos sexuais, manipulação, assédio sexual, maus-tratos e ameaças. Algumas das mulheres que dizem que foram violadas pelo artista revelaram que eram antigas 'groupies', e retrataram uma personagem sedutora, manipuladora, que as amarrava, ameaçava e obrigava ao consumo de drogas.
A estas acusações, Manson reagiu com uma publicação no Instagram. “Obviamente, a minha arte e a minha vida têm sido ímanes para a controvérsia, mas estas alegações recentes sobre mim são distorções horríveis da realidade”, escreveu.
O cantor garante que os seus “relacionamentos íntimos foram sempre inteiramente consensuais com parceiros com pensamento semelhante”, e que “outros estão agora a escolher deturpar o passado”.
Marilyn Manson, artista rock, ficou conhecido pela criação de uma personagem de inspiração gótica e o seu nome é uma junção do nome próprio da icónica atriz norte-americana Marilyn Monroe com o apelido do homicida Charles Manson, responsável pela morte da atriz Sharon Tate.
Em 2009, em entrevista à revista Spin, Manson disse que tinha “todos os dias a fantasia de pulverizar” o crânio da ex-noiva “com um martelo”.
O cantor norte-americano já atuou várias vezes em Portugal, a última das quais em junho de 2018, no Campo Pequeno, em Lisboa, onde apresentou ao vivo o décimo disco, “Heaven Upside Down”.
Brian Warner estreou-se em disco em 1994, com “Portrait of an American Family”, ao qual se seguiu “Antichrist Superstar”, álbum que vendeu milhões de cópias.
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