Apesar de as separarem 26 posições no ‘ranking’ elaborado pela Lusa, que tem por base os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação, as duas instituições de ensino apostam num modelo educativo em que a colaboração contínua entre professor e alunos representa a chave do sucesso.
"Para mim, mais importante que este lugar no ‘ranking’, é que mais de 80% dos nossos alunos conseguiram entrar na primeira prioridade na faculdade. Isso para mim é o mais importante, porque, de facto, cumpriram os seus objetivos e trabalharam para eles, e estão naquilo que gostam e que querem", afirmou à Lusa, Rosário Queirós, diretora da Escola Básica e Secundária Clara de Resende.
Francisca Ferreira, que frequenta agora o 12º ano, explica que os resultados alcançados são fruto de um trabalho contínuo entre professores e alunos. E a disponibilidade para trabalhar tem dado frutos. Nos três exames nacionais, a estudante conseguiu uma média de 18 valores em 20 possíveis. Aos 17 anos, sonha seguir Biologia e mais tarde especializar-se em genética.
Também Carolina Albuquerque, que frequenta a Clara de Resende desde o 10.º ano, é aluna de quase 20. Nos exames nacionais de Físico-Química e Biologia, tirou 19,6 e 19,4 valores respetivamente, uma média que espera ser suficiente para alcançar o sonho da Bioengenharia, na vertente biomédica.
"Acho que tive excelentes professores, tanto no 10.º ano como no 11.º ano a estas duas disciplinas, acho que é um bocadinho fazer um estudo contínuo", afirmou.
Francisca e Carolina contam com professores como Ana Alves, docente de português, que sublinha o papel determinante da família para alcançar estes níveis de sucesso, assim como do estudo fora da sala de aula.
"O sucesso, passa por dar um acompanhamento de continuidade, através de aulas de reforço em algumas disciplinas, nomeadamente na Matemática, mas, na medida do possível, através do reforço do estudo fora da sala de aula. Através de email, por exemplo, os professores disponibilizam outros materiais para que o aluno possa também desenvolver de forma autónoma o seu trabalho", disse.
No ‘ranking’ elaborado pela Lusa, a Clara de Resende é a primeira escola pública. Surge na 27.ª posição com uma média de 12,88 valores em 488 exames realizados e uma classificação interna final de 14,76 valores.
Apesar de admitir que os alunos que frequentam aquela escola são provenientes de contexto socioeconómico mais elevado, para a diretora Rosário Queirós, estes resultados são fruto de um trabalho muito importante dos professores, quer em contexto de sala de aula, quer em contexto de trabalho colaborativo entre pares que permite a prossecução de melhores estratégias.
Um modelo educativo seguido também pelo Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto, que pela primeira vez, ocupa o pódio do ‘ranking’ das escolas nos exames do 9º ano e do secundário, em simultâneo.
No caso dos exames do secundário, é a oitava vez em dez anos, a quinta consecutiva.
Com média de 15,51 valores em 445 exames realizados e uma classificação interna final de 17,39 valores, o Colégio do Rosário é a "família" de mais de 1600 alunos, sendo que a maioria começou o seu percurso naquela escola aos três anos.
Com cinco turmas em cada ano de escolaridade, do 5.º ao 12.ºano, a continuidade nos lugares de pódio do ‘ranking’ nacional explica-se, sobretudo, pelas particularidades no modelo educativo, que, segundo a diretora, Teresa Nogueira, assenta na promoção de uma cultura de trabalho apoiado.
"Temos alunos que vão sendo acompanhados e estimulados a desenvolver seu potencial e fazemo-lo com a responsabilidade que temos em formar bem as novas gerações de forma a que na sua vida futura possam marcar a diferença no tecido social em que se integrarem", afirmou a diretora do Colégio Nossa Senhora do Rosário.
"Nós temos consciência que os nossos alunos serão futuros líderes da sociedade", acrescentou.
Cláudia Ramalho, professora de Matemática naquele colégio, acrescenta ainda que o conceito de "família" que ali se promove é parte importante na construção do sucesso escolar, que assenta numa partilha entre pares, mas também na comunicação entre alunos e professores.
Tiago Martinez, que estuda Economia no colégio, é um dos exemplos desse sucesso. Obteve 20 valores no exame de Geometria e 17 valores no exame de Físico-Química.
"A escola oferece aulas de preparação para os exames todos os dias, com duas ou três semanas de antecedência. O simples frequentar dessas aulas é uma preparação espetacular, é enorme avanço e depois todo o material de trabalho que levamos para casa faz com que os alunos desta escola tenham um desempenho estupendo", argumentou o também presidente da Associação de Estudantes.
A frequentar o Rosário desde o 5.º ano, Tiago sublinha ainda que o colégio investe também na formação pessoal dos alunos, através de disciplinas complementares.
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