O até agora primeiro-ministro Michel Barnier planeia apresentar a renúncia esta quinta-feira, após o Parlamento aprovar na quarta-feira uma moção de censura contra o seu governo apresentada pela esquerda radical e apoiada pela direita radical de Marine Le Pen.
O fim do breve governo de Barnier acontece após as eleições antecipadas de julho, que resultaram numa Assembleia Nacional sem maiorias claras e dividida em três blocos irreconciliáveis (esquerda, centro-direita e extrema direita).
A queda de Barnier foi provocada pelo seu orçamento para 2025, que incluía medidas de austeridade consideradas inaceitáveis para a maioria legislativa, mas que ele considerava indispensáveis para estabilizar as finanças francesas.
A moção de censura interrompeu todo o plano financeiro do governo e levou à renovação automática do atual orçamento para o próximo ano, a menos que o governo consiga aprovar rapidamente uma nova proposta, o que parece pouco provável.
"França possivelmente não terá um orçamento para 2025", escreveu a ING Economics numa nota, que prevê o início de "uma nova era de instabilidade política".
A agência de classificação financeira Moody's advertiu que a queda de Barnier "aprofunda a estagnação política" e "reduz a possibilidade de consolidar as finanças públicas".
Bolsa em queda
A Bolsa de Paris operava em queda esta quinta-feira e o rendimento dos títulos do governo francês voltou a enfrentar pressões de alta no mercado da dívida.
Macron, que discursará ao país às 20h00 (19h00 em Portugal), tem mais de dois anos de mandato pela frente, mas alguns opositores pediram a sua renúncia.
A presidente da Assembleia Nacional, Yael Braun-Pivet, fez um apelo a Macron para não perder tempo ao escolher um novo primeiro-ministro.
Não há indícios de quanto tempo Macron levará para nomear o sucessor de Barnier ou qual será sua orientação política.
Entre os potenciais candidatos ao cargo estão o ministro da Defesa, Sebastien Lecornu, o aliado centrista de Macron Francois Bayrou, além do ex-primeiro-ministro socialista Bernard Cazeneuve.
A votação que provocou a queda de Barnier foi a primeira moção de censura bem-sucedida desde que o governo de Georges Pompidou foi derrotado em 1962, durante a presidência de Charles de Gaulle.
Macron regressou a Paris pouco antes da votação, após uma visita de Estado de três dias à Arábia Saudita.
O clima de incerteza em França acontece antes da reabertura, no sábado, da catedral de Notre-Dame, restaurada após o incêndio de 2019.
Entre os convidados internacionais para o evento está o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
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