Em algumas fronteiras da União Europeia com África ou Ásia são frequentes ver papéis com mensagens como: "Gostaria de fugir para a Europa? Podemos ajudá-lo. Por favor, adicione este número no WhatsApp".

Esta mensagem, por norma, é escrita em línguas de "pessoas desesperadas" no seu país, nomeadamente somalis, nepaleses, turcos, etc, como é descrito na história do The Guardian, mas a verdade é que agora essa mesma mensagem surge também em...chinês. Tudo porque desde há dois anos começaram a surgir vários cidadãos chineses na fronteira da Bósnia.

O jornal inglês conta a história de Zhang, que chegou a esse país europeu, em abril, com os dois filhos pequenos, numa jornada que descreve como o "caminho para a liberdade" e que começou meses antes  na província de Hebei, no norte da China. "Até agora, a jornada levou-os por quatro países, custou milhares de euros, levou a desentendimentos com a agressiva polícia da fronteira croata e parou, por enquanto, num centro de receção temporário para migrantes, nos arredores de Sarajevo", lê-se no artigo.

Este centro, contudo, não é o que Zhang pretende para si e para a sua família, mas regressar ao seu país também não é uma solução: "O que me espera na China é um hospital psiquiátrico ou a prisão".

Zhang era um cidadão chinês com um salário acima da média e tinha um emprego estável, mas o"ambiente político na China deixou-o com a sensação de que não tinha outra escolha a não ser ir embora".

"Zhang é um dos poucos, mas crescentes, chineses que estão a viajar para os Balcãs com a esperança de entrar na UE por qualquer meio necessário", diz o artigo, onde o cidadão chinês refere também que "ninguém quer deixar o seu país se estiver seguro”.

Nos últimos anos mais de 14 mil pessoas foram apanhadas a cruzar ilegalmente as fronteiras da Bósnia, em 2022 só duas eram chinesas, mas em 2023 esse número aumentou para 148. Já este ano, no primeiro semestre, foram apanhados 70 pessoas com cidadania daquele país asiático.