“Os atores políticos que são eleitos e que têm a responsabilidade de resolver a situação e devem resolvê-la de forma urgente, porque todos nós precisamos de estabilidade e de credibilidade. Sobre o resto, não faço comentários, não sou comentador”, afirmou Henrique Gouveia e Melo aos jornalistas, à margem de um congresso sobre gestão em saúde, na Alfândega do Porto.

O almirante na reserva, que tem sido apontado como possível candidato presidencial mas ainda não assumiu formalmente uma candidatura, recusou comentar a posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e também as ideias do candidato Luís Marques Mendes na quinta-feira para que se evitem eleições antecipadas.

“Não vou comentar o que o senhor Presidente da República faz, ele é o ator político eleito, terá as suas razões, explicará aos seus eleitores, que somos todos nós, esses motivos”, declarou.

Gouveia e Melo corroborou, contudo, a necessidade de haver rapidez na resolução da crise.

“A solução tem de aparecer e, quanto mais tarde aparece a solução, mais instabilidade existe e todos os portugueses precisam de estabilidade. Nós precisamos de estabilidade governativa, essa estabilidade contribui imenso até para o nosso posicionamento internacional, uma vez que, até em termos internacionais, vivemos um tempo de forte instabilidade e de algum risco”, sustentou.

“O que é importante e que os atores decidam de forma urgente o que é que devem fazer. Eles são os responsáveis por nos tirar desta crise e ganhar outra vez a tal estabilidade e credibilidade”, repetiu, sem querer “comentar soluções”.

O candidato presidencial Luís Marques Mendes apelou na quinta-feira ao Presidente da República para fazer uma “última tentativa” junto do primeiro-ministro e do PS para evitar eleições, considerando-as indesejáveis face ao atual cenário internacional e à execução do PRR.

Em declarações à agência Lusa, o antigo presidente do PSD afirmou que o “país está incrédulo com a ideia de ter eleições antecipadas”, não as deseja, nem compreende a sua utilidade, salientando que ele próprio partilha dessa apreensão.

Na quarta-feira, o Presidente da República admitiu eleições antecipadas em maio, no final de um dia em que o primeiro-ministro anunciou uma moção de confiança que tem chumbo prometido dos dois maiores partidos da oposição, PS e Chega, e que deverá ditar a queda do Governo na próxima semana.

O voto de confiança foi avançado por Luís Montenegro no arranque do debate da moção de censura do PCP, que foi rejeitada com a abstenção do PS na Assembleia da República, e em que voltou a garantir que “não foi avençado” nem violou dever de exclusividade com a empresa que tinha com a família, a Spinumviva.

Se a moção for rejeitada na quarta-feira no parlamento, Marcelo convocará de imediato os partidos ao Palácio de Belém “se possível para o dia seguinte e o Conselho de Estado “para dois dias depois", admitindo eleições entre 11 ou 18 de maio.