Em entrevista à BBC News Brasil, o governador mostrou estar ao lado de Moro em relação às polémicas mensagens divulgadas pelo portal de investigação jornalística The Intercept, que colocaram em causa a imparcialidade da operação Lava Jato, a maior investigação contra a corrupção do Brasil.
"Tenho grande respeito pelo ministro e ex-juiz Sergio Moro. Acho que, se algum erro foi cometido (...) entendo que, mesmo assim, o benefício daquilo que foi feito pela Operação Lava Jato, para salvar o Brasil da corrupção, e de um extenso período que prejudicou milhões de brasileiros e assaltou os cofres públicos, faz com que eu mantenha meu respeito por Moro", disse Doria (Partido da Social Democracia Brasileira), numa entrevista em Londres.
Desde o dia 9 de junho que o The Intercept tem vindo a publicar - agora também em conjunto com outros órgãos de imprensa brasileiros - o conteúdo de mensagens que obteve de uma fonte anónima e que colocaram em causa a imparcialidade da operação Lava Jato, a maior investigação contra a corrupção do Brasil.
Os diálogos obtidos apontam para irregularidades na operação, principalmente as mensagens trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol e ex-juiz Sergio Moro.
Segundo o Intercept, conversas privadas revelam que Moro sugeriu a Dallagnol que alterasse a ordem das fases da operação Lava Jato, deu conselhos, indicou caminhos de investigação e deu orientações aos promotores encarregados do caso, ou seja, ajudou a acusação, o que viola a legislação brasileira que exige imparcialidade aos juízes.
Questionado sobre se as alegadas irregularidade de Moro teriam valido a pena, Doria afirmou: "Na minha visão, sim. (...)Eu não deixo de apoiar Sergio Moro".
Na entrevista, João Doria, que apoioi Jair Bolsonaro na segunda volta das eleições presidenciais, criticou ainda o mecanismo de reeleição no Brasil, ao comentar a assumida intenção do atual chefe de Estado, Jair Bolsonaro, de voltar a concorrer ao cargo na eleição presidencial de 2022.
"Todos os governadores e Presidentes que foram reeleitos não cumpriram no seu segundo mandato uma tarefa melhor do que cumpriram no seu primeiro mandato. A instituição da reeleição é legítima, democrática, mas no Brasil ela não costuma funcionar bem", frisou Doria, em entrevista à BBC News Brasil.
Sobre a visão que a Europa tem do Brasil, após a eleição de Bolsonaro, o governador de São Paulo acredita que esta poderá vir a melhorar diante da perspectiva da reforma do sistema de pagamento de pensões do país sul-americano.
"Eu acompanho bem os veículos de comunicação da Europa e vejo muitas vezes posições duras em relação ao Brasil e ao governo brasileiro, mas são posições que, ao meu ver, podem melhorar diante de bons exemplos e de boas sinalizações que o país, sobretudo agora, diante da perspectiva da reforma do sistema de pagamento de pensões poderá sinalizar", referiu Doria.
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