Na reunião do Conselho Metropolitano de Lisboa, marcada para as 10:30, estarão presentes o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, e a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, além de autarcas dos 18 municípios que compõem a Área Metropolitana de Lisboa (AML).
Na quarta-feira, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu endurecer meios para conter os desacatos em algumas zonas da Grande Lisboa, recusando “pactuar com a violência” e “o desrespeito pela ordem pública”.
“As forças de segurança têm sido muito competentes em conter essa onda de violência, mas se eventualmente tivermos de endurecer essa contenção, nós teremos de o fazer”, afirmou Luís Montenegro, que falava aos jornalistas, à saída do Fórum Empresarial Luso-Espanhol, em Faro.
Também na quarta-feira, em declarações à Lusa, o presidente do Conselho Metropolitano de Lisboa, Basílio Horta, considerou “inadmissível” o recurso à violência na sequência da “tragédia” que foi a morte de Odair Moniz, salientando estar “inequivocamente” ao lado das forças de segurança na reposição da tranquilidade pública.
Basílio Horta, que é também presidente da Câmara de Sintra, defendeu igualmente ser necessário apurar responsabilidades sobre as circunstâncias desta morte, através de um inquérito já a decorrer, para “saber o que é que se passou, se há responsáveis, se não há, e – se há responsáveis – o que é que se vai fazer em relação a essa responsabilidade”.
“Em relação à violência, é inadmissível. E nós temos que dizer que estamos ao lado das forças de segurança, inequivocamente, repondo a paz, repondo a tranquilidade e garantindo a segurança de todos”, referiu.
A PSP também já prometeu “tolerância zero” a desacatos como os que se verificaram nas últimas noites.
“Temos e teremos tolerância zero a qualquer ato de desordem e destruição praticados por grupos criminosos que, apostados em afrontar a autoridade do Estado e perturbar a segurança das comunidades, executam ou têm vindo a executar as ações que os jornalistas têm presenciado”, disse na quarta-feira o diretor nacional em suplência da PSP, Pedro Gouveia, em conferência de imprensa.
Odair Moniz, 43 anos, cidadão cabo-verdiano e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e “entrou em despiste” na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, “terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca”.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação “séria a isenta” para apurar “todas as responsabilidades”, considerando que está em causa “uma cultura de impunidade” nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde a noite de segunda-feira foram registados desacatos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados dois autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas. Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.
O Conselho Metropolitano é o órgão deliberativo da Área Metropolitana de Lisboa, constituído pelos presidentes das câmaras dos 18 municípios que a compõe: Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira.
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