O governo do presidente sírio Bashar al Assad perdeu o controlo de Aleppo, a segunda maior cidade do país, pela primeira vez desde o início do conflito na Síria, escreve a AFP.
O grupo Hayat Tahrir al Sham, uma antiga filial síria da Al Qaeda, e outras facções rebeldes aliadas "controlam a cidade de Aleppo, com exceção dos bairros controlados pelas forças curdas", disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
"Pela primeira vez desde o início do conflito [...] a cidade de Aleppo saiu do controlo das forças do regime sírio", afirmou Rahman.
Forças jihadistas e de outras formações rebeldes, apoiadas pela Turquia, iniciaram uma ofensiva-relâmpago contra as forças do regime de Bashar al Assad na quarta-feira, na Síria, coincidindo com a entrada em vigor de um frágil cessar-fogo no vizinho Líbano, entre Israel e o movimento pró-iraniano libanês Hezbollah, após dois meses de guerra aberta.
Para os EUA, a "dependência da Síria em relação à Rússia e ao Irão", juntamente com a sua recusa em avançar com um processo de paz delineado em 2015 pela ONU, "criaram as condições que se estão a desenrolar agora", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Sean Savett, em comunicado.
A par, garantiu, "os Estados Unidos não têm nada a ver com esta ofensiva, liderada pelo Hayat Tahrir al Sham, uma organização designada como terrorista".
O grupo jihadista Hayat Tahrir al Sham (HTS, em português Organização pela Libertação do Levante), antiga filial síria da rede Al Qaeda, e facções aliadas, algumas apoiadas pela Turquia, lançaram uma ofensiva nas províncias de Idlib e Aleppo, tomando dezenas de localidades antes de entrar, na sexta-feira, na grande cidade do norte.
Em Aleppo, a segunda maior cidade da Síria, com cerca de dois milhões de habitantes e centro histórico do país antes da guerra, "a maioria dos civis permanece em casa, e as instituições públicas e privadas estão quase todas fechadas", informou a rádio oficial Sham FM.
O norte da Síria manteve-se nos últimos anos numa calma precária, possibilitada por um cessar-fogo estabelecido após uma ofensiva do regime em março de 2020.
A trégua foi respaldada pela Rússia e pela Turquia, que apoia alguns grupos rebeldes sírios na sua fronteira.
Este é um dos maiores confrontos em vários anos na Síria, onde a guerra civil que começou em 2011 entre forças que encontraram apoio externo provocou meio milhão de mortos e milhões de deslocados.
*Com AFP
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