"Não vai ser extinto nenhum corpo de bombeiros. Se há experiência em Portugal que devemos homenagear e permanentemente valorizar é a do voluntariado em mais de 450 associações humanitárias”, disse hoje Eduardo Cabrita, à margem de uma inauguração no Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Referindo-se a uma notícia de hoje do jornal Público, segundo a qual o Governo vai avançar com a profissionalização dos bombeiros em todos os concelhos do país, o ministro adiantou que o que está em causa nesta decisão, do conselho de ministros de 21 de outubro, é “o reforço de uma componente profissional" no voluntariado.
A ideia do Governo, salientou o ministro, é de "alargar a todo o país a rede - já hoje existente - de equipas de intervenção permanente", que têm um "caráter profissional" e já estão "baseadas nas corporações de bombeiros voluntários, permitindo uma intervenção rápida, uma resposta imediata".
"[Isto] porque, diz-nos também todo o conhecimento adquirido, o que é decisivo na resposta a um incêndio - quer um incêndio em torno de uma povoação, quer um incêndio florestal - é a primeira hora e meia de resposta", explicou Eduardo Cabrita.
Estas equipas de intervenção permanente deverão articular-se "com os grupos intervenção, proteção e socorro da GNR e com a força especial de bombeiros da Autoridade Nacional de Proteção Civil".
"Conjugadamente [terão de] reforçar essa resposta imediata na tal hora e meia decisiva, para que um pequeno incêndio não venha a tornar-se num grande incêndio", realçou.
De acordo com jornal Público de hoje, "a opção do Governo será a de criar uma estrutura de núcleos de bombeiros profissionalizados em todos os municípios, dando prioridade às autarquias onde há mais risco de potenciais incêndios".
Um responsável do Governo, citado pelo jornal, disse que “o património das associações humanitárias de bombeiros e o voluntariado não se pode perder, são nove mil voluntários, uma massa humana que mais nenhum país tem e que não pode ser ignorada nem desperdiçada”.
O mesmo responsável classificou como "um absurdo" a ideia de "criar um novo corpo de bombeiros do Estado", mas afirmou que “o que não pode continuar a existir é corpos aparentemente profissionalizados, que são pagos pelo Estado para estarem um número de horas nos quartéis, mas depois não têm capacidade de dar resposta nem têm formação como a que deve ser exigida”.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.
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