Na passada segunda-feira, a associação Habeas Corpus publicou, nas redes sociais, uma "lista de terroristas LGBTQIA+", após meses a invadir eventos sobre igualdade, anuncia o Jornal de Notícias.

Nesta lista, e sem apresentar qualquer fundamento para o sucedido, a associação divulgou algumas fotografias e vídeos onde não aparecem apenas figuras públicas. Um dos visados mais conhecidos é Diogo Faro, para quem a publicação se trata de "um claro incentivo à violência". Na sua rede social no X, o humorista reagiu "Até onde vai esta impunidade?".

Na lista constam ainda nomes como o da coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, das escritora Mariana Jones e Lúcia Vicente, das psicólogas Ana Silva e Tânia Graça, do presidente da Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo, o socialista Cláudio Lotra, entre outros.

Até ao momento, nada foi feito pelas autoridades para travar as ameaças e o movimento ligado à extrema-direita, fundado pelo ex-juiz Rui Fonseca Castro, expulso da magistratura em 2021.

Ameaças à igualdade

Nos últimos meses, o grupo tem sido responsável pela interrupção da apresentação de livros pró-LGBT, como de “Mamã, quero ser um menino”, de Ana Rita Almeida. Por outro lado, as ameaças a autores têm sido constantes, como é o caso da escritora de livros infantis, Mariana Jones, devido à publicação do livro "O Pedro gosta do Afonso" e apresentação de outras obras-tipo.

Já em maio, alguns elementos da Habeas Corpus foram retirados pela GNR, depois de terem invadido uma sessão sobre diversidade de género, em Cabeceiras da Basto, acrescenta o JN.

As reações até ao momento

Na rede social Facebook, o ex-presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, reagiu aos últimos acontecimentos, afirmando que compreende "parcialmente o comportamento das autoridades", mas que os invasores "é que devem ser retirados". Adicionalmente referiu que “demasiada tolerância com esta cultura de violência e de ameaça da extrema-direita já não será apenas tolerância, será mesmo cumplicidade.”.

Já em julho, uma petição com 2481 assinaturas solicitou ao Governo a tomada de medidas urgentes para pôr fim aos ataques da Habeas Corpus e do Ergue-te, o partido político pelo qual o ex-juiz foi cabeça de lista nas eleições europeus, e que mantém iniciativas idênticas.

Financiamento contra a igualdade

O Jornal de Notícias aponta que a Habeas Corpus é conhecida por pedir "contribuições" nos seus canais e redes sociais. As criptomoedas são uma das formas de financiamento, o que dificulta a identificação de doadores por entidades externas.

Para o próximo dia 7 de setembro, a associação está a preparar um encontro nacional em Peniche. A inscrição custa 18 euros, mas a Habeas Corpus "agradece" um contributo maior.