Num comunicado, o grupo de defesa dos direitos humanos defendeu ainda que o Partido Comunista Chinês deve pagar compensações aos familiares das vítimas do massacre e da repressão que se seguiu.
A HRW disse ainda que as autoridades chinesas estão a aumentar os esforços para apagar a memória do massacre, tendo restringido o movimento e a comunicação de ativistas e membros das Mães de Tiananmen.
O grupo de familiares das vítimas do incidente divulgaram uma declaração pública em que reiteram um apelo à “verdade, compensação e responsabilidade” sobre o massacre, que, segundo estimativas, terá causado cerca de dez mil vítimas.
A polícia tem também detido ativistas dos direitos humanos devido a publicações que recordam o 4 de junho nas redes sociais, incluindo no Twitter — banido na China continental — e ameaçado outros ativistas para que não assinalem a efeméride, disse a organização.
A investigadora sénior da HRW para China, Wang Yaqiu, disse que a falta de responsabilização “encorajou” Pequim a impor “a detenção arbitrária de milhões, uma severa censura e vigilância e esforços para minar os direitos [humanos] internacionalmente”.
No início de maio, a polícia de Hong Kong apreendeu uma estátua intitulada ‘Pillar of Shame’ (“Pilar da Vergonha”), em memória da repressão na Praça de Tiananmen, que foi desmontada em 2021 e estava à guarda da Universidade de Hong Kong.
Em Macau, a União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia (UMDD), que organizou durante mais de 30 anos uma vigília em homenagem às vítimas do massacre de Tiananmen, foi extinta por receio da nova lei de segurança nacional, disse à Lusa um dos responsáveis.
“Fiquei preocupado que depois da revisão da lei, se uma pessoa dissesse algo, outros membros [da associação] pudessem ser afetados. Nesse caso, se tivéssemos de ser responsabilizados no futuro, esperávamos que outros membros não fossem implicados”, disse Au Kam San, ex-deputado e um dos fundadores da UMDD.
Em 4 de junho de 1989, o exército chinês avançou com tanques para dispersar na praça de Tiananmen, em Pequim, protestos pacíficos liderados por estudantes, que pediam reformas democráticas para o país, causando um número de mortos que ainda hoje é objeto de discussão. Estimativas chegam às dez mil vítimas, embora Pequim defenda que a repressão dos “tumultos contrarrevolucionários” tenha levado à morte de duas centenas de civis.
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