Uma suposta antiga baleia-espiã russa foi avistada na costa da Suécia, de acordo com a organização OneWhale que a tentava encontrar já há alguns anos.
O animal é uma baleia beluga, da família dos golfinhos que de acordo com o canal britânico BBC foi primeiramente avistada na costa da Noruega em 2019 com um arnês russo.
Depois disso, sabe-se que passou vários anos a viajar lentamente para sul a partir do extremo norte da Noruega, estando agora em Hunnebostrand, na costa sudoeste da Suécia.
As suspeitas sobre esta baleia beluga aumentaram tendo em conta que esta se aproximou pela primeira vez de barcos noruegueses perto da ilha de Ingoya, há quatro anos, uma localização que fica a 415 km de Murmansk, onde fica a Frota do Norte da Rússia.
Na altura, quando foi descoberta a baleia trazia um arnês equipado com um suporte para câmera GoPro e clipes com a inscrição "Equipamento de São Petersburgo".
A descoberta levou a uma investigação da agência de inteligência doméstica da Noruega, que mais tarde disse à BBC que a baleia provavelmente foi treinada pelo exército russo.
Desde essa altura, a baleia passou a ser conhecida localmente como Hvaldimir, em homenagem à palavra norueguesa para baleia, hval e ao presidente russo Vladimir Putin.
A Rússia, por sua vez, nunca abordou oficialmente a acusação de que Hvaldimir terá sido treinada pelo exército russo tendo no passado negado a existência de qualquer programa para treinar mamíferos marinhos como espiões.
Citado pelo jornal The Guardian, Sebastian Strand, biólogo marinho da organização OneWhale, que encontrou a baleia, sublinhou que esta movimentação mais recente do animal para longe do seu habitat natural pode estar relacionado com questões hormonais e reprodutivas. "Pode ser que esteja a procurar outras baleias belugas", refere.
Strand sublinhou ainda, que acredita que o animal possa ter entre 13 e 14 anos, e por isso está “numa idade em que as suas hormonas estão muito ativas”.
Importa recordar que a ideia de que a Rússia treina animais marinhos para espiar outros países não é nova, no ano passado, o Instituto Naval dos EUA (USNI) analisou imagens de satélite do porto de Sebastopol, na Crimeia e concluiu que existem nesse local dois compartimentos com golfinhos treinados pelo exército russo desde fevereiro, mês em que começou a guerra na Ucrânia. Na altura a razão apresentada era precisamente proteger a frota que ali está de um possível ataque subaquático por parte das forças ucranianas.
Transformar estes animais em artilharia de defesa já remota ao tempo da União Soviética, quando foi criada uma unidade de treino de golfinhos para deteção de armas submersas, com base em Kazachya Bukhta, onde permanece nos dias de hoje. O colapso da URSS, em 1991, fez com que o programa fosse parar ao exército ucraniano que o desconsiderou tendo voltado às mãos da Marinha russa em 2014 com a anexação da Crimeia.
Depois da anexação, em 2016 já a agência AFP dava conta dos planos de Moscovo relacionados com a compra de cinco golfinhos com “dentes perfeitos e instinto assassino”, num processo de licitação por um contrato de 1,75 milhão de rublos (20 mil euros), para os entregar à base de Sebastopol até o final do verão.
Já em 2020, a revista Forbes, informava também que começavam a surgir evidências que a Rússia teria enviado golfinhos treinados para a base naval em Tartus, na Síria, durante a guerra neste país.
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