João Cotrim Figueiredo foi o primeiro deputado da história da Iniciativa Liberal (IL) quando conseguiu a sua eleição nas legislativas de estreia, em 2019. Na altura, não era ainda o presidente do partido, cargo que veio a assumir poucos meses depois, após a saída de Carlos Guimarães Pinto.
Em entrevista à agência Lusa a propósito das legislativas de 30 de janeiro, o presidente da IL foi questionado sobre o que será preciso para se sentar à mesa das negociações com o líder do PSD, Rui Rio, no dia seguinte às eleições e em caso de o resultado ditar a possibilidade de a direita formar Governo.
“É preciso termos uma votação suficientemente robusta para isso se justificar porque, se tivermos uma votação desapontante, não nos vamos pôr em bicos dos pés para fazer parte de uma solução”, refere.
Se os liberais tiverem “força eleitoral significativa” — na moção que levou à última convenção Cotrim Figueiredo traçou a meta eleitoral de 4,5% e cinco mandatos – querem “estar à mesa negocial” com o PSD, não para falar de cargos, mas para falar de políticas e de medidas, garantindo que a presença no Governo “não é indispensável”.
Confrontado com a declaração, numa recente entrevista à agência Lusa antes da convenção da IL e em vésperas das diretas do PSD, na qual admitiu que seria “mais simples” conversar com Paulo Rangel do que com Rui Rio sobre um entendimento de Governo, João Cotrim Figueiredo admite que se a pergunta tivesse sido feita hoje “se calhar não respondia da mesma maneira”.
“A postura que Rui Rio tem tido durante esta pré-campanha eleitoral tem dado sinais de que o entendimento não será difícil e o próprio debate que tivemos na SIC indica que um entendimento, ou pelo menos parte de um entendimento, não será difícil”, enfatiza.
Difícil será caso o PSD, ao contrário do que tem dito, tenha a tentação de levar o Chega para uma solução de Governo, porque o partido de André Ventura “não é confiável e não é competente”, nas palavras do presidente liberal.
“Se houver essa tentação, perde o apoio da Iniciativa Liberal. (…) Mais claro que isto não consigo ser. O doutor Rui Rio e o PSD, na construção de uma alternativa ao PS, têm esta alternativa: ou nós ou o Chega”, avisa.
Sobre o que estará na mesa das negociações, João Cotrim Figueiredo aponta a insistência para que haja “tantos avanços quanto possível” na área fiscal (para “começar a reduzir rapidamente os escalões de IRS a caminho da taxa única ou das duas taxas”), na reforma estrutural do SNS e no sistema político.
Confrontado com a exigência de um eventual acordo escrito, o presidente da IL defende que “se houver presença no Governo, o papel escrito é o próprio programa de governo”.
“Não sendo uma participação no governo e havendo um apoio no parlamento, o acordo deve estar escrito. A Iniciativa Liberal já deu provas de que, quando se compromete a fazer uma coisa, a faz e exige que seus parceiros pensem exatamente da mesma maneira”, afirma.
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