Até agora, nenhuma das mais de 80 instalações olímpicas previstas foi diretamente afetada pelos incêndios, que na última semana causaram pelo menos 24 mortes e destruíram milhares de casas.
Para alguns especialistas, porém, esta catástrofe expõe as dificuldades de organizar o maior evento desportivo do mundo numa região propensa a desastres naturais.
"A situação é claramente grave e, dadas as perspetivas de alterações climáticas significativas, vale a pena perguntar se a situação atual poderá repetir-se, possivelmente até mesmo durante os Jogos", alertou Simon Chadwick, professor de economia desportiva e geopolítica na Skema Business School de Paris, ao jornal britânico The iPaper.
Entre outros desafios, Chadwick também destacou potenciais problemas de seguros para o mega evento.
Embora o Riviera Country Club – sede do torneio olímpico de golfe de 2028 – tenha sido ameaçado pelas chamas que assolam a área vizinha de Pacific Palisades, a grande maioria dos locais está longe de áreas consideradas de alto risco de incêndio.
Os dados históricos também atenuam as preocupações de que um desastre semelhante possa ocorrer durante os Jogos de 2028.
Até à semana passada, nenhum incêndio na região de Los Angeles aparecia na lista dos 20 mais destrutivos da história da Califórnia.
Os Jogos de 2028 também estão marcados para julho, época em que os ventos de Santa Ana não sopram, um dos principais fatores atribuídos à situação atual.
Los Angeles também tem experiência na organização bem-sucedida de dois eventos olímpicos: em 1984 e 1932.
"Grande alerta"
"Os comités organizadores terão levado em conta esses sucessos no seu planeamento", disse Dan Plumley, especialista em finanças desportivas da Universidade Sheffield Hallam, na Inglaterra.
"Mas essencialmente estamos a trabalhar com base em probabilidades. Será necessário esperar e ver até onde querem arriscar, mas estes incêndios servirão como um grande alerta".
Por sua vez, Mark Dyerson, professor da Universidade Estadual da Pensilvânia, lançou a ideia de devolver os Jogos a Paris, cenário do evento em 2024, caso Los Angeles não tenha condições de assumir a organização.
"Seria lamentável, mas tenho a certeza de que o COI (Comité Olímpico Internacional) está a analisar todas as possibilidades", lembrou o académico em entrevista ao New York Post.
Apoios
Do lado institucional, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, garantiu que o planeamento para os Jogos de 2028 e o Mundial da FIFA de 2026 – oito jogos serão disputados em Los Angeles – está no caminho certo.
Para Newsom, a proliferação de grandes eventos desportivos em Los Angeles – incluindo o NBA All-Star Game em 2026 e a NFL Super Bowl em 2027 – deve ser vista como uma oportunidade.
"Na minha humilde opinião, e sem ser demasiado ingénuo ou otimista, isto reforça a necessidade de trabalhar rapidamente e de cooperar", disse o líder democrata à NBC.
Do outro espetro político, nomes de extrema direita como o polémico ativista Charlie Kirk pediram o "cancelamento" dos Jogos de Los Angeles.
"Espero que, quando os Jogos chegarem, as áreas de Altadena e Palisades tenham sido reconstruídas", disse à AFP Shawn Sedlacek, um profissional de eventos que converteu um dos seus edifícios num centro de doações para vítimas.
"Estaremos prontos e para isso precisamos de apoio mais do que nunca. Precisamos que sejam criados empregos, precisamos esperar com otimismo a chegada dos Jogos", acrescentou.
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