Carlos Guimarães Pinto é presidente da Iniciativa Liberal desde outubro de 2018 e quase ao fim de um ano vai enfrentar as primeiras eleições legislativas do partido, depois da estreia nas europeias deste ano, fixando, em entrevista à agência Lusa, o objetivo eleitoral de “conseguir ter uma voz liberal no parlamento”.
“É muito importante chegar à Assembleia da República, principalmente nesta fase em que parece que temos quase um consenso, todos se conformaram que as eleições irão ser ganhas pelo PS, e todos os partidos parecem mais interessados em posicionar-se como futuros aliados do PS do que propriamente em oposição ao PS”, justifica.
Quando se olha para “as estatísticas de todos os países mais corruptos do mundo, estes são também menos economicamente liberais”, argumenta o líder partidário, considerando que “os corruptos não gostam do liberalismo” e “o liberalismo é um grande inimigo da corrupção”.
Para Carlos Guimarães Pinto, “vários exemplos de casos mediáticos de corrupção” em Portugal não acontecem “por acaso”, mas sim porque existe “um regime que criou as condições para que isso fosse possível, que concentra muito poder no Estado central”, poder esse que “é muito concentrado num pequeno número de pessoas”.
“E nós achamos que é preciso devolver o poder ao cidadão, devolver o poder às pessoas e essa também vai ser uma forma de acabar com os problemas de corrupção, porque devolvendo poder às pessoas, dispersando o poder pelas pessoas, conseguiremos também retirar condições para que haja mais corrupção”, defendeu.
A grande bandeira com que o partido se apresenta às eleições de 06 de outubro “é a redução dos impostos e a simplificação fiscal”, aponta o economista.
“Nós já propusemos algo que parece revolucionário para o nosso país, mas que já foi aplicado em vários países com muito sucesso, que é a simplificação do sistema de IRS com uma taxa única. Foi aplicada em vários países que tiveram sucesso, que já ultrapassaram Portugal em termos económicos”, explica.
O cabeça de lista da Iniciativa Liberal pelo Porto refere que “nas últimas décadas” se tem assistido sempre a “este confronto entre direita e esquerda, que não passa de um confronto sobre formas como o Estado deve exercer o seu poder sobre as pessoas”.
“A crise de que se fala entre os partidos da direita resulta em boa parte de não oferecerem uma visão alternativa suficientemente boa. É tão simples quanto isso, porque a única alternativa ideológica ao socialismo é o liberalismo”, defende.
Assumindo as dificuldades de ter “um partido novo sem um rosto mediático”, Carlos Guimarães Pinto entende que a Iniciativa Liberal se tem imposto “pelas ideias, mais do que qualquer outra coisa”, num caminho com várias fases, começando por ser uma força política das redes sociais, depois dos cartazes, e agora das ruas.
“É muito complicado fazer política baseada em estatísticas e factos. Os cartazes trazem as pessoas para as redes sociais, onde nós podemos colocar mais conteúdo, mais dados, mais factos, mais números e depois das redes sociais, passam para o programa, onde está tudo muito mais explicado”, descreve.
Nota negativa tem a governação de António Costa, na perspetiva da Iniciativa Liberal, que critica que estes quatro anos tenham sido “uma oportunidade perdida para o país”.
“Nós tivemos os ventos económicos internacionais bastante a favor, nós tivemos a possibilidade de ter um ambiente político estável pelo facto de termos o PCP e o BE, normalmente as forças políticas que mais geram conflito social, domadas pela parte do PS”, lembra.
*Por Joana Felizes / Agência Lusa
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