"Para mim, tudo o que aumenta a conveniência na confecção dos alimentos acaba por ser uma notícia positiva”, começa por dizer o nutricionista Pedro Carvalho, questionado sobre o aparecimento de novas tecnologias para a cozinha pelo SAPO24.

"Há uns anos nós tínhamos, sobretudo, alimentos pré-congelados com muito pouco valor nutricional, como batatas fritas, pizzas, lasanhas e alimentos mais associados a uma gama de ferro e fogo. Hoje em dia já temos refeições congeladas perfeitamente saudáveis que podem ser colocadas apenas no microondas”, exemplifica.

De acordo com a Candy, uma das marcas de eletrodomésticos mais conhecidas nas Europa, o componente que conduziu à produção do primeiro microondas foi inventado na década de 1940, permitindo construir um primeiro modelo de microondas. Apenas em 1967 foi lançado o modelo de microondas doméstico.

Os primeiros microondas não eram suficientemente potentes para aquecer os alimentos, mas, ao longo do tempo, foram desenvolvidas novas funcionalidades que tornaram este eletrodoméstico cada vez atraente, dada a sua versatilidade, facilidade de uso, rapidez e poupança de energia no aquecimento ou preparação de alimentos quando comparado com os fogões ou os fornos mais tradicionais.

Segundo os dados apresentados pela plataforma Statista, em março deste ano, Portugal liderava o mercado, com 93% dos consumidores a possuírem um microondas, seguindo-se a Finlândia, os Estados Unidos da América (EUA), a China, o Japão e a Alemanha.

Após o aparecimento do primeiro microondas e alguns anos antes do lançamento do microondas doméstico, surgiram os primeiros robots de cozinha. Foi com o aparecimento da primeira Bimby, em 1961, que as cozinhas, sobretudo europeias, foram revolucionadas. Hoje em dia, a América do Norte domina este mercado, nomeadamente os EUA e o Canadá, avança um relatório da Inkwood Research.

Pedro Carvalho justifica a crescente utilização dos robots de cozinha com a praticidade e o factor multiusos: “É sempre mais prático, volta e meia, fazer sopas e outros preparados, os próprios legumes, em robots de cozinha, porque dá para fazer quase as duas coisas em simultâneo, fazer sopa e depois estar a cozer legumes por cima do vapor", exemplifica.

Por outro lado, o nutricionista salienta a conveniência destes instrumentos no quotidiano: "A vida das pessoas mudou e, por isso, como é lógico, tudo aquilo que seja mais prático, sobretudo, em grandes centros urbanos, é ótimo”.

"Já ninguém chega a casa e tem disponibilidade para perder uma hora ou uma hora e meia na cozinha e cozinhar todos os dias, fazer comida fresca todos os dias, e cozinhar sopa todos os dias", completou, demonstrando que, sobre a sociedade, os instrumentos dizem que, mais do que ser prático e versátil, cada um de nós procura poupar tempo na rotina já preenchida e acelerada que tem a maioria das pessoas.

"Quase todos os chefes com estrelas Michelin e, os outros, têm uma bimby nas suas cozinhas"

Já o argumentista e foddie [um apaixonado nato por cozinha], Frederico Pombares exemplifica ao SAPO24 como os novos instrumentos de cozinha "vêm facilitar a nossa vida", não poupando apenas tempo ou facilitando a rotina.

"Quase todos os chefes com estrelas Michelin e, os outros, têm uma bimby nas suas cozinhas porque têm um poder de centrifugação muito acima da média e permitem fazer, por exemplo, aveludados e cremes muitíssimo precisos”, diz, destacando que o seu uso "pode exponenciar o nosso potencial e o nosso talento", o que algumas pessoas também podem procurar alcançar.

"Para mim, tudo o que seja para facilitar a vida sem comprometer a qualidade do produto final está certo. Sou 100% a favor do progresso", conclui.

Mais recentemente surgiram as air fryers, conhecidas, sobretudo, por permitirem usar menos gordura na confecção dos alimentos (e mantendo a mesma qualidade quando cozinhados com óleo, por exemplo), poupar tempo e ainda serem fáceis de usar e de limpar. Atualmente, a China, os EUA e a Alemanha compõem o "TOP 3" de países que mais investem neste mercado, mostram os dados da plataforma Statista.

Para o nutricionista Pedro Carvalho, as air fryers - também elas um robot de cozinha - são, além de úteis no dia-a-dia da população, uma maneira de consumir determinados alimentos de forma mais saudável.

"A utilização das air fryers permite poupar uma grande quantidade de gordura e, por isso, quando são bem utilizadas, estes instrumentos acabam por ser fundamentais para comer de forma saudável, além de poupar uma grande quantidade de tempo, dado as exigências profissionais e familiares de muitas das pessoas”, refere.

O nutricionista acrescenta que, no fim, “o mais importante é o resultado final, e se o resultado final for aumentar a ingestão de sopa, de legumes e cozinhar de forma saudável com menos gordura e perder menos tempo na cozinha, não há problema rigorosamente nenhum com a utilização (crescente) destes produtos”.

Contudo, e do ponto de vista nutricional, Pedro Carvalho recorda: "Não é pelo facto de existirem agora as air fryers que isso pode ser quase uma desculpabilização para se ingerir alguns alimentos [batatas pré-fritas, rissóis ou douradinhos] com uma frequência muito acima daquilo que seria o suposto", referindo-se à facilidade e rapidez de cozinhar estes alimentos, evitando outros mais saudáveis por requererem mais tempo ou dedicação na confecção.