"Aquilo que está a acontecer nos CTT é um atentado contra o interesse nacional, contra os trabalhadores, contra as populações, contra o interesse público, que merecia outra posição por parte do PSD, do CDS e do próprio PS, que procuram lavar as mãos da responsabilidade que tiveram na privatização, no agravamento da situação, não ouvindo os trabalhadores, nem as populações", disse Jerónimo de Sousa aos jornalistas, depois de se juntar, nas imediações da Assembleia da República, à manifestação em defesa dos CTT, que hoje percorre as ruas de Lisboa.
Na quinta-feira, o parlamento rejeitou diplomas do PCP e do PEV para a recuperação do controlo público dos CTT e um projeto de resolução do BE para a rescisão do contrato de concessão por incumprimento, tendo o PS votado contra ambas as iniciativas.
Questionado sobre o voto contra do PS, Jerónimo de Sousa foi peremptório ao reafirmar que "existe nesta nova fase da vida política nacional uma contradição insanável".
"Reconhecemos que há avanços, mas em questões de fundo, em questões estruturais, infelizmente o que verificamos é que o PS continua a alinhar com PSD e CDS. O PS não se libertou da submissão das orientações da União Europeia e particularmente - não gostam deste palavrão - não se libertam dos interesses do grande capital", criticou.
Sobre se há condições para esperar pelos resultados do grupo de trabalho que vai ser criado, o líder do PCP foi perentório: "costuma dizer-se - e eu estou aqui há muitos anos na Assembleia [da República] - que quando não se quer fazer nada, cria-se um grupo de trabalho".
"Espero que isso não aconteça mais uma vez. O que era importante era uma posição política de fundo por parte do Governo, por parte do PS", pediu.
Na opinião do líder comunista, "ninguém foi capaz ontem [quinta-feira] de provar na Assembleia da República que estes trabalhadores não têm razão, que está tudo bem".
"Não está e, por isso mesmo, é que a intervenção e a luta dos trabalhadores e das populações vai ser o elemento que não encerra este problema da necessidade de encontrar respostas", apelou.
O PCP, na quinta-feira, votou contra a proposta do BE, tendo os bloquistas dado ‘luz verde’ à iniciativa comunista.
Questionado sobre se não teria havido vantagens em apresentar uma iniciativa conjunta com o BE, Jerónimo de Sousa começou por responder que "obviamente as iniciativas convergem".
"São diferentes, mas cada grupo parlamentar tem sempre o direito, independentemente da similitude ou da diferença nesta ou naquela matéria, de convergir com este objetivo de salvar os CTT. Não há aqui um problema de divisão", explicou.
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