"Opções de uma política que tem sacrificado o investimento em nome do défice e que o atual Governo do PS mantém, amarrado que está aos mesmos compromissos com a UE e de submissão ao euro, ampliados agora também pela errada opção de canalizar todos os crescentes excedentes primários orçamentais, para uma inexpressiva redução do peso da dívida no PIB, sacrificando o investimento e níveis mais elevados de crescimento que obteria os mesmos resultados com a vantagem de favorecer o desenvolvimento do país", declarou, a abrir as jornadas parlamentares, em Portalegre.
O secretário-geral criticava a degradação dos serviços públicos como a saúde, educação, mas também os défices da produção nacional, do setor energético ou da ciência, além da estagnação generalizada dos salários reais (0,3% em 2015, 0,4% em 2016 e 0,6% até setembro de 2017), só amenizada pelo aumento, "aquém do que se impunha", do salário mínimo nacional.
"Opções que se querem justificar com os resultados da evolução económica atual, nomeadamente com o crescimento verificado, que reflete o impacto da reposição de rendimentos como aspeto central e de uma conjuntura externa favorável que não é controlável, dando como adquirido a sustentabilidade futura do atual quadro de evolução económica", afirmou.
Para o líder comunista, os responsáveis governamentais do PS têm continuado a negligenciar a "prolongada trajetória de estagnação desde a entrada do euro, iludindo a persistência de graves défices estruturais no país que se mantêm em setores fundamentais".
"Opção de desenvolvimento do país não pode ser a estreita visão de quem o pensa como mero crescimento económico a que tudo se deve sujeitar. Não basta fazer crescer a economia. É preciso colocá-la também ao serviço de todos e não apenas de alguns, daqueles que estão sempre a tomar para si a parte de leão da riqueza criada", reforçou.
Jerónimo de Sousa recordou que PS, PSD e CDS-PP chumbaram sexta-feira projetos de lei de PCP, BE e PAN para repor os valores do trabalho em horas extraordinárias e dias feriados e o direito ao descanso compensatório, algo que "mostra que há muito a fazer para remover a velha política que indistintamente governos de uns e de outros levaram à prática no país com consequências desastrosas".
"O que a votação convergente da semana passada nos diz é que as tarefas da construção do desenvolvimento, onde o trabalho com direitos não é uma dimensão menor, exige mudanças a sério e não apenas proclamações sobre a importância da qualidade do emprego para que, no fim, não sobrem apenas promessas. E o tempo urge", sustentou.
O líder parlamentar comunista, João Oliveira, justificou a opção pelo Alto e interior do Alentejo pelo contacto com "trabalhadores, populações, sindicatos, instituições públicas, empresas, serviços públicos" e para dar atenção aos "problemas dos setores da indústria, agricultura, pecuária", sem esquecer a "compatibilização entre desenvolvimento económico e defesa da qualidade ambiental, em particular no rio Tejo".
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