A equipa inclui uma ‘designer’ portuguesa, um compositor de música romeno e uma operadora de câmara checa, mas a cara do projeto lançado no final do ano passado são as portuguesas Catarina Demony e Ana Có.
"O projeto começou para ser uma celebração do que os portugueses estão a fazer aqui em Londres. Há muitas gerações, há todo o tipo de pessoas da comunidade portuguesa a viver em Londres e temos o objetivo de dar a voz a essa comunidade portuguesa", disse Ana Có, responsável pelo programa de atividades de uma organização não-governamental em Londres.
Formada em Ciências Política, Ana Có considera que existe mais para além do "estereotipo que passa o dia no café português. Há cada vez mais portugueses com qualificações e com cargos importantes que lideram na comunidade inglesa".
A ideia surgiu em conversa com a jornalista Catarina Demony, cuja amizade remonta à vida em Portugal e que reataram durante os estudos universitários em Inglaterra.
Sendo ambas jovens, possuem uma experiência diferente do que é o Portugal contemporâneo e pretendem mostrar um lado mais moderno do país, que, além de profissionais da limpeza, construção ou restauração, também produziu criativos e empreendedores.
"Quando começámos o projeto não sabíamos muito sobre a comunidade portuguesa", admitiu Catarina Demony, para quem o primeiro passo foi convencer as pessoas da validade do projeto.
Entretanto, já publicaram nove entrevistas, incluindo de políticos, empresários, ativistas ou profissionais de várias gerações, incluindo um professor inglês que dá aulas de língua inglesa a portugueses.
"Eu e a Ana já nos conhecemos há muitos anos e temos as duas uma grande paixão por contar histórias", afirmou.
Na sua opinião, "há uma necessidade de, tanto para os britânicos como para os portugueses em Portugal, que a vida de emigrante não é um conto de fadas", por isso quer mostrar tanto os casos de sucesso como as histórias de dificuldades.
O projeto é independente e, garantem, sobrevive do próprio esforço e financiamento.
O envolvimento dos restantes membros da equipa veio por amizade, o que as obriga a explicar o contexto de algumas entrevistas e comportamento dos portugueses, como os encontros para beber café ou para ver futebol.
"Ter amigos que não são portugueses a trabalhar neste projeto faz-me sentir que estou a conhecer Portugal um bocadinho mais porque temos de explicar-lhes estes detalhes", brincou.
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