As declarações surgem no momento em que prosseguem as negociações, em Viena, para tentar salvar o acordo nuclear iraniano, assinado em 2015, com a presença direta do Reino Unido, China, França, Alemanha e Rússia e com a presença indireta dos Estados Unidos, que se retiraram unilateralmente do tratado em 2018, acusando o Irão de ter pretensões militares para o seu programa atómico.
“A frente inimiga está a pressionar cruelmente, impondo sanções à nossa energia nuclear”, disse Ali Khamenei, por ocasião da comemoração de uma data chave na revolução de 1979, que derrubou a monarquia.
“Eles dizem que o Irão vai produzir a bomba. São palavras que não fazem sentido”, denunciou Khamenei, num discurso televisionado.
As negociações em Viena procuram criar condições para o regresso de Washington ao tratado, bem como a aproximação de Teerão aos pressupostos do acordo, para evitar a continuação das sanções entretanto impostas pelos Estados Unidos.
O Irão sempre negou querer produzir ou comprar armas atómicas, mesmo tendo reconsiderado alguns dos seus compromissos em resposta à retirada unilateral dos Estados Unidos, em 2018, durante o mandato do ex-presidente Donald Trump.
Na sua declaração, Ali Khamenei admitiu, no entanto, que o seu país vai acelerar o seu programa nuclear, com intenções pacíficas.
“Se não procurarmos (a energia nuclear pacífica) hoje, amanhã será tarde demais”, explicou o líder iraniano.
Depois de exceder substancialmente a taxa de enriquecimento de urânio e a quantidade de água pesada autorizada pelo acordo de 2015, o Irão anunciou no início de 2020 que deixava de se sentir vinculado aos limites impostos pelo tratado.
Os países ocidentais insistem que as negociações para o regresso ao tratado sejam concluídas rapidamente, acreditando que se começa a esgotar o tempo da diplomacia, à medida que assistem à aceleração do programa nuclear iraniano.
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